Por: Benedito Buzar
No meu tempo de criança, havia
uma praça pública, em Itapecuru, com o nome de General Hastimphilo de Moura.
Durante anos, procurei saber quem era e o que fez para merecer tão
significativa homenagem do povo de minha terra. Meus esforços foram em vão.
Passaram-se os anos e eis que
dias atrás tive a grata surpresa de saber tudo e mais alguma coisa a respeito
daquele militar, de nome complicado e pomposo, que realizou brilhantes feitos
no Brasil.
Tais informações foram a mim
repassadas por Jucey Santana, confreira da Academia Itapecuruense de Ciências,
Letras e Artes, que, por meio da internet, descobriu e rastreou a trajetória do
general Hastimphilo, que se impôs no cenário nacional pela competência,
hombridade e trabalho em prol do país, mas tão ignorado no Maranhão.
A minha alegria multiplicou-se ao
saber ser ele itapecuruense, nascido a 22 de dezembro de 1865, filho do
comendador português João Ribeiro de Moura e de Leonília Frazão de Moura. A
família Moura residiu 33 anos em Itapecuru, onde o pai se estabeleceu com um
empório de importação e exportação na Rua do Egito. Em 1874, mudaram-se para
São Luis, onde os filhos estudaram e o comendador assumiu a diretoria do Banco
Comercial do Maranhão.
Em São Luis, o garoto
Hasthimphilo estudou no Liceu Maranhense. Queria seguir a carreira militar, mas
o pai não deixou. Fez o curso de contabilidade e abraçou os negócios
comerciais. Pensando na atividade militar, foi para o Rio de Janeiro e
ingressou em 1885 na Escola Militar da Praia Vermelha. Aluno brilhante na
Escola Superior de Guerra e na profissão de engenheiro.
Na vida militar, ocupou postos de
destaque e serviu em várias unidades do Exército brasileiro. Por onde passou,
deixou o nome gravado como oficial de primeira linha. Em 1891, casou com a
jovem Clarinda, da alta sociedade carioca. Pelo desempenho profissional, em
1892, foi indicado pelo astrônomo belga Luiz Ferdinand Cruls, para integrar a
comissão demarcadora do Planalto Central, com vistas à instalação da futura
capital do país.
De volta ao Rio de Janeiro,
assumiu importantes funções no Ministério da Guerra: comandante da Escola
Prática do Exército, diretor da Fábrica de Cartuchos, chefe do Departamento de
Material Bélico e do Pessoal de Guerra, chefe da Casa Militar da Presidência da
República, nos governos de Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, comandante da 2ª
Região Militar de São Paulo.
Participou ativamente da
Revolução de 30, da qual recebeu a incumbência de governar interinamente o
Estado de São Paulo. Na sucessão do governador do Maranhão, Magalhães de
Almeida, foi insistentemente convidado para substituí-lo. Radicado no Rio de
Janeiro, onde moravam os sete filhos, declinou do convite. Aposentou-se aos 70
anos em 1935. Intelectual e homem de letras escreveu o livro “Da Primeira e
Segunda República”.
Faleceu a 25 de junho de 1956,
com a idade de 91 anos. Em 1942, esteve em sua terra natal para rever as suas
origens. Na condição de itapecuruense, doou à paróquia de Nossa Senhora das
Dores as terras que herdou. Foi homenageado pelo prefeito Bernardo Matos,
que deu o seu nome à praça da igreja matriz da cidade. Anos depois, a praça com
o nome do general, passou a denominar-se Padre Alfredo Bacellar.
Convém ressaltar que em 1996, uma
bisneta do general Hasthimphilo, a embaixatriz Beatriz de Moura, residente na
França, esteve em Itapecuru, atrás de informações de seus antepassados,
mas nada encontrou. Nem a praça com o nome do bisavô.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBravo, essas pesquisas, aos poucos vão desbravando personalidades importantes de nossa querida Itapecuru. O fato de terem saído em busca de seus ideais em outras terras, não lhes tira o mérito e o respeito de serem resgatados e homenageados em seu município de origem..
ResponderExcluirParabéns aos confrades, Benedito Buzar, Jucey Santana e demais membros da AICLA que buscam a contextualização do passado, para que as novas gerações conheçam a sua própria história!
Feliz Ano de 2016 para todos.
Benedita Silva de Azevedo