Por: Benedito Buzar
Minha atividade na
imprensa remonta ao ano de 1967, no então Jornal do Dia. Essa longa trajetória
jornalística pautou-se numa linha de prudência e de respeito às pessoas e aos
fatos.
Mas como ser
humano, há momentos e ocasiões que me vi ameaçado por impulsos mais
arrebatados, que só não me dominam por completo devido ao equilíbrio emocional
e à sensatez que me acompanham.
Nos últimos dias,
contudo, nem a prudência e tão pouco o equilíbrio emocional mostraram-se
suficientemente fortes para segurar a ira, a revolta e a indignação que se
apoderaram de mim.
Culpo isso ao
ataque insidioso e inominável perpetrado contra São Luis, o IPHAN- Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Kátia Bogéa, esta, usada como
moeda de troca para saciar mesquinhos interesses políticos de um deputado
federal.
É contra a atitude
desse parlamentar ou pra lamentar, que me insurjo pela pratica de um ato danoso
à cidade, da qual ele, nas eleições de 2008, candidatou-se a prefeito, mas,
para a sorte dela não se elegeu.
Para prejudicar São
Luis, no que tem de mais precioso – o rico e invejável acervo artístico e
cultural – o indesejável político armou-se de duvidoso prestígio para exigir a
cabeça da competente e incansável profissional, ela, que, no exercício do cargo
de superintendente do IPHAN no Maranhão, luta bravamente pela preservação e
recuperação do seu patrimônio histórico e impedir que vândalos e insensatos a
destruam e a vilipendiam.
Só quem acompanha a
batalha insana que Kátia trava contra esses malfeitores, que, ao arrepio da
lei, anseiam transformar São Luis numa urbe sem alma e vida, é que pode avaliar
a lacuna que deixará e a falta que fará ao IPHAN, como superintendente e
comandante.
Quantas vezes eu e
tantos maranhenses não a vimos colocar a fragilidade feminina de lado para
enfrentar com coragem e altivez os valentões, os falsos empreendedores e os
especuladores imobiliários, os quais, em pleno uso da ignorância, da arrogância
e da má-fé, fazem de tudo para São Luis perder as características que a
diferenciam de qualquer outra cidade brasileira.
Como não conseguem
afastá-la dos princípios que defende, tentam macular a sua imagem e acusá-la de
radical e intransigente. Para esse tipo de gente, só existe uma fórmula: jogar
duro, mas sem perder a ternura. Que ela faz com toda dignidade.
Kátia deixa o
cargo, depois de 12 anos de embate pela causa de ver São Luis com a imponência
de cidade bem cuidada e com o seu patrimônio colonial preservado. Conseguiu
isso? Totalmente, não. Impossível ganhar uma batalha tão adversa, contra tantos
dragões da maldade, de uma só tacada e em pouco tempo.
Para se ter ideia
de seu proveitoso trabalho, basta olhar os vários casarões abandonados e os
prédios em ruínas, recuperados e aproveitados para uso de repartições públicas
e entidades privadas no Centro Histórico.
Não fosse a sua
incontida determinação de fazer São Luis se reencontrar com o seu passado, mas
pensando no presente e no futuro, estaríamos hoje a vê-la sob escombros,
arrasada do ponto de vista urbanístico ou transformada em cidade fantasma.
Dito isto, não
quero deixar no ar três perguntas que me parecem importantes quando se aventa a
exoneração de Kátia da superintendência do IPHAN. Primeira, quem trabalhou para
tirá-la do cargo que requer conhecimento, competência e idoneidade? Resposta: o
autor dessa operação é um cara que conheço de meus tempos de professor da UEMA
e contra ele disputei a eleição de reitor da instituição, onde praticou atos
nada corretos e legais. Seu nome: Waldir Maranhão, hoje, envolvido até o
pescoço na Operação Lava-Jato e na prestação de contas de sua eleição ao
Tribunal Regional Eleitoral, ainda não aprovada pelo montante de recursos
usados e não explicados. Segunda: Qual a motivação? Resposta: Nada contra
a idoneidade moral e profissional de Kátia. Só a ganância de Waldir por um
cargo público federal, cujas verbas do PAC das Cidades Históricas ele imagina
manipular. Terceira: 3) Quem a substituirá nesta empreitada árdua e difícil?
Resposta: Pelo que se ouve falar o novo ocupante do cargo será o desconhecido
secretário-adjunto da Secretaria das Cidades, Alfredo Costa Neto, que não se
sabe se tem biografia para exercer tão importante tarefa.
Lamentavelmente, vemos o triunfo de pessoas que buscando proveito pessoal lançam nosso país no caos em que se encontra. Parabéns ao jornalista conterrâneo, Benedito Bogea Buzar, pelo esclarecedor artigo.
ResponderExcluirBenedita Silva de Azevedo