terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tributo a Santa Rosa do Barão, Joaquim Raimundo Nunes Belfort.



 
Por: Tiago Oliveira

A região em que se encontra o povoado Santa Rosa do Barão, Joaquim Raimundo Nunes Belfort é uma elevação de Terra, que se encontra entre o rio Itapecuru e a Baixada Maranhense fazendo da mesma, rota de passagem das populações que a habitava as duas regiões. Possivelmente, os seus primeiros habitantes (colonizadores europeus ou escravos) sugiram por volta do final do século XVIII, com o advento da agricultura do algodão, arroz, cana de açúcar e criação de gado bovino. Contudo, a citação mais antiga de colonização é de um Sr. conhecido em documentos antigos apenas como Ferbu. Este último, primeiro proprietário europeu das terras, que compreende a povoação em tela possuía muitas terras e poucos escravos, em contra partida Joaquim Raimundo Nunes Belfort, Barão de Santa Rosa possuía muitos escravos e poucas terras às margens do rio em uma propriedade, que possuía o mesmo nome da atual comunidade em foco, motivo que os levou a fazer a permuta.

O povoado supracitado localiza-se atualmente às margens da BR 135, no município de Itapecuru-Mirim a cerca de 80 km da Capital do Estado, São Luís. 

O seu ilustre proprietário nasceu em 1820 e recebeu o título de Barão pelo decreto imperial de 24/03/1883, concedido por D. Pedro II, sendo que o mesmo já possuía o título militar de tenente-coronel de milícias da região do Itapecuru e era casado com Maria Madalena Viana Henriques. Sendo descente do mais poderoso clã do Maranhão dos séculos XVIII e XIX o clã, dos Belforts. Segundo Mílson Coutinho, em seu Livro Fidalgos e Barões, assim surgiu esta família no Maranhão:

A família Belfort no Maranhão tem começo com chegada ao Maranhão do nobre Irlandês Lancelot (Lourenço) Belfort, fundador do engenho Kelru, na primeira metade do século XVIII; povoado pertencente atualmente ao município de Itapecuru-Mirim, às margens do rio Itapecuru. Lourenço Belfort teria nascido, em 05-07-1708, em Dublin capital da Irlanda do Norte. 

 Foram seus pais os também nobres do antigo Castelo de Quilrã ou Kelrue, Ricardo Belfort e sua mulher Isabel Lowther Belfort. Lourenço muito jovem mudou-se para Lisboa e de lá pelo ano de 1736 desembargou em São Luís do Maranhão ainda solteiro. Tinha as ideias centradas na lavoura, indústria e comércio. Lourenço Belfort subiu o rio Itapecuru à procura de um local para se estabelecer ao encontrar solicitou e conseguiu uma sesmaria e logo em seguida começou a produzir principalmente arroz e algodão e montou um engenho para beneficiar os produtos locais foi também um grande criador de gado bovino. Entre 1738 e 1739, casou-se com Isabel de Andrade Ewerton, filha do Capitão Guilherme Ewerton, rico agricultor da baixada maranhense. Após, sua primeira esposa falecer casou-se novamente desta vez, com Ana Teresa de Jesus. Ao todo Lourenço Belfort teve treze filhos entre homens e mulheres sendo todos grandes donatários de terras principalmente as margens do rio Itapecuru, povoados existentes até hoje são remanescentes desta época, tais como: Santa Rosa do Barão (atualmente às margens da BR 135, mas teve início às margens do rio) Santa Barbara, Mandioca, Kelru, Santa Filomena, Santa Joana e Santa Maria.

 Sendo que Lourenço Belfort foi seu avô materno. O famoso “Barão” Foi vereador por várias vezes na cidade de Rosário, suplente de juiz de direito, subdelegado de polícia na Vila de São Miguel (Rosário), Intendente da Educação da região do Itapecuru, proprietário da Fazenda Rosa, Tapera e de terras na Freguesia de Nossa Senhora da Lapa, no povoado de São Miguel, também em Rosário. O mesmo faleceu em, 22-01-1898 no Povoado Boa Vista onde também possuía terras, sendo enterrado no cemitério desta localidade. 

 A comunidade, que objeto deste trabalho vive um conflito de identidade atualmente, pois, existe um grupo de moradores que desejam mudar o nome do Povoado para Santa dos Pretos, estes verbalizam, que o famoso fidalgo sequer chegou a existir.  Em contrapartida existem os que possuem o sobrenome Belfort e alguns documentos antigos que provam a existência do nobre fidalgo e fazem questão de manter sua identidade. 

Joaquim Raimundo Nunes Belfort teve um relacionamento extraconjugal com uma de suas escravas América Henrique Belfort e deste relacionamento nasceu Américo Nunes Belfort, talvez tenha sido o motivo da maior sensibilização do nobre para com os seus escravos, já que o mesmo não teve filhos fruto do seu casamento, levando-o já em idade avançada a deixar uma grande leva de terra para os seus antigos cativos. Estas teriam sido as suas palavras ao atravessar o rio Itapecuru:


- “Deixo essas terras para os meus pretos que me serviam como escravos, no meu segundo estabelecimento de lavoura, para criar filho, netos e descendentes. Essas terras, não tem quem as compre, nem quem as venda, nem conta que as dê em pagamento”. Sendo, que meia légua de frente com uma de fundo foi deixada para América e seu filho o restante para os seus cativos. 


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