Por: Geraldo Lopes
Estou ficando
enfraquecido
Eu sinto que vou morrer
Não cometa esta injustiça
A quem tanto ajudou
você
Vocês estão me matando
Vocês vão se arrepender
Se no passado fui outro
Por que sabiam apreciar
As coisas da natureza
Perfeita para admirar
Não tenho culpa se és
cego
De não poder enxergar
Cada ser uma
consciência
Que lhe é particular
Rio abaixo rio acima
Transitaram muita gente
Já ofertei muito peixe
Produzi muito alimento
Meu atestado de óbito
Será de envenenamento
Discursos e mais
discursos
Estão a me defender
Alguns com seriedade
Outros só pra aparecer
Enquanto nossas
crianças
Não procurarem entender
Minha morte estar
chegando
No futuro eu vou
morrer.
Minhas veias afluentes
Quase não funcionam,
mais.
Meu leito tem muita
areia
Quando chove aumenta
mais
Destruíram toda mata
E também os animais
Carreando muito lixo
Agrotóxico e tudo mais
Tudo isso provocou
Meu sofrimento cruel
Alguns tiram proveito
Enchendo o bolso com jeito
Projetos e mais
projetos
Ficando só no papel
Esse dia vai chegar
De arrependimento e dor
A água que escorria
Vinha lá de Mirador
Escorrendo em cada
rosto
Só lágrimas e muita dor
Fui Jardim do Maranhão
As flores todas
murcharam
Provocaram um desatino
Na obra do meu divino
Até hoje eu me pergunto
Onde estão os
assassinos
Que fizeram este
estrago.
Nas margens do meu
leito
Foi linda a vegetação
Espécies e mais
espécies
Florindo o nosso torrão
Não faltando uma
palmeira
Rainha do Maranhão
Bem conhecida do povo
Com nome de babaçu
Não esquecendo arvoreta
Chamada de urucu
Estou falando com
orgulho
Do rio Itapecuru
Agradeço ao companheiro
Que nem conterrâneo é
Escreveu com muito amor
Preservando sua fé
Pois já viu rios
morrendo
Ele sabe como é.
Texto do livro
inédito, Inspirações de Poetas itapecuruenses”.
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