Por: Nato Lopes
Me chamo um tal de
Raimundo
Pé rapado corre
mundo
Bebedor de
profissão
Meu passatempo é
cachaça
Bebo enquanto a
vida passa
Pra mim é
satisfação
Rua abaixo, rua
acima
Vou cumprindo a
minha sina
Todos passam nem me
vê
Um moleque me
apelida
Assim vou levando a
vida
De paixão e de
sofrer
Minha roupa
esfarrapada
O meu leito é a
calçada
O jornal meu
cobertor
Como os restos de
comida
Com a alma tão
sentida
E o coração
sofredor
Lua – por que sou
tão infeliz?
Por que você não me
diz
Que sorte o destino
meu?
Tu te lembras lua
amada,
Quando minha mãe
adorada
De um ataque
morreu?
Com quatro anos de
idade
Ó morte – cruel
verdade
No lamaçal me jogou
Meu pai eu não
conheci
Nem me falam nunca
vi
Não sei que destino
tomou
Sofri muito nesta
vida
Sofri muito sem
guarida
E continuo a sofrer
Eu tive a pior
sorte
Antes me levasse a
morte
Antes mesmo de
nascer
Um dia amei uma
donzela
E me apaixonei por
ela
E com ela me casei
A minha vida vazia
Encheu-se de
alegria
Mas veja lua, não
sei
Ficou grávida e tão
linda
E a amei mais ainda
Como é muito
natural
Mas lua escuta,
amor
Nasci para ser
sofredor
E com a sorte fatal
Na hora do parto –
a dor
Minha esposa Deus
levou
E pra aumentar meu
sofrer
No seu ventre o
filho amado
O filhinho tão
sonhado
Quem nem chegou a
nascer.
Texto do
livro inédito, Inspirações de Poetas itapecuruenses”.
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