quinta-feira, 5 de novembro de 2015

UM TAL DE RAIMUNDO


Por:  Nato Lopes

Me chamo um tal de Raimundo
Pé rapado corre mundo
Bebedor de profissão
Meu passatempo é cachaça
Bebo enquanto a vida passa
Pra mim é satisfação

Rua abaixo, rua acima
Vou cumprindo a minha sina
Todos passam nem me vê
Um moleque me apelida
Assim vou levando a vida
De paixão e de sofrer

Minha roupa esfarrapada
O meu leito é a calçada
O jornal meu cobertor
Como os restos de comida
Com a alma tão sentida
E o coração sofredor

Lua – por que sou tão infeliz?
Por que você não me diz
Que sorte o destino meu?
Tu te lembras lua amada,
Quando minha mãe adorada
De um ataque morreu?

Com quatro anos de idade
Ó morte – cruel verdade
No lamaçal me jogou
Meu pai eu não conheci
Nem me falam nunca vi
Não sei que destino tomou

Sofri muito nesta vida
Sofri muito sem guarida
E continuo a sofrer
Eu tive a pior sorte
Antes me levasse a morte
Antes mesmo de nascer

Um dia amei uma donzela
E me apaixonei por ela
E com ela me casei
A minha vida vazia
Encheu-se de alegria
Mas veja lua, não sei


Ficou grávida e tão linda
E a amei mais ainda
Como é muito natural
Mas lua escuta, amor
Nasci para ser sofredor
E com a sorte fatal

Na hora do parto – a dor
Minha esposa Deus levou
E pra aumentar meu sofrer
No seu ventre o filho amado
O filhinho tão sonhado
Quem nem chegou a nascer.

                        Texto do livro inédito, Inspirações de Poetas itapecuruenses”.

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