No Maranhão também
passou por aqui...
Por: Josemar Lima SÉRIE CRÔNICAS – ANO II/nº 23/2015
Itapecuru
Mirim pode se orgulhar, entre outros muitos feitos históricos, de ter dado uma
contribuição importante para o nascimento e desenvolvimento da imprensa escrita
no Maranhão. José Cândido de Moraes e Silva, itapecuruense, nascido no povoado
denominado “Sítio Juçara”, em 21 de setembro de 1807, foi um dos fundadores da
primeira tipografia particular do estado do Maranhão que publicava “O Farol”,
jornal político e revolucionário cujo primeiro número circulou na capital
maranhense em 27 de dezembro de 1827. É
patrono da Cadeira nº 13 da Academia Maranhense de Letras - AML e da Cadeira nº
11 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, ocupada por
outro consagrado jornalista contemporâneo, o também itapecuruense da gema
Benedito Bogea Buzar.
José
Cândido foi contemporâneo de João Francisco Lisboa, outro itapecuruese incluído
no rol dos pilares do jornalismo maranhense, nascido no distrito de Pirapemas,
integrante da então freguesia de Itapecuru Mirim, em 22 de março de 1812. João
Lisboa foi redator dos jornais maranhenses “O Brasileiro”, “Encho do Norte”,
“Crônica Maranhense”, “Publicador Maranhense” e do “Jornal de Timon” que se
destacou pela cobertura da Guerra da Balaiada, guerra civil, muito vinculada a
Itapecuru Mirim, ocorrida no Maranhão no período de 1838 a 1841.
José
Cândido, mesmo com tenra idade, foi o jornalista destemido e crítico feroz dos
governadores da Província do Maranhão e, junto com João Lisboa e Magno de
Abranches, chefiou um movimento revolucionário no estado do Maranhão,
denominado “Setembrada”. Em 8 de agosto de 1828 foi preso por ordem do
presidente da Província do Maranhão. Faleceu em São Luis a 18 de novembro de
1832.
Na
década de vinte, precisamente no dia 27 de julho de 1918, brotava ai de nossas
férteis terras outra figura que se destacaria no jornalismo maranhense, tanto
pelo talento como pela sua história de vida; marcada pela luta contra a
cegueira, que lhe tirou a luz dos olhos, mas não a capacidade de continuar
produzindo matérias jornalísticas de qualidade, como pelo amor e devoção a sua
terra natal.
Refiro-me
a Raimundo Nonato Coelho Nahuz, ou Zuzu Nahuz, como era popularmente conhecido.
Zuzu Nahuz foi redator dos jornais “O Combate” e” A Tarde”, e proprietário do jornal
“Correio do Nordeste, sediados na capital maranhense e em todos eles sempre
reservou espaço para falar das coisas, fatos e pessoas de Itapecuru Mirim. São
mais de cem crônicas e artigos, escritos entre os anos 30 e 60 que o jornalista Benedito Buzar conseguiu
recuperar e que estamos nos propondo a organizar e publicar em 2018, ano que se comemorará o
seu primeiro centenário de nascimento.
Itapecuru Mirim também se destacou pelo
jornalismo produzido localmente. No dia 26 de janeiro de 1935, circulava na
cidade o primeiro jornal impresso genuinamente itapecuruense. Refiro-me ao
jornal “A Gazeta”, de propriedade do jornalista, político e professor João da
Silva Rodrigues. “A Gazeta” circulou até 1937 quando, com o advento do Estado
Novo de Getúlio Vargas, teve que cerrar as portas.
Voltou,
entretanto, em 1946 com a denominação de “O Trabalhista” e circulou até 1952.
Consegui no Acervo Virtual da Biblioteca Pública do Estado do Maranhão alguns
exemplares de “O Trabalhista” dos anos de 1949/1950/1952 e considero um
verdadeiro tesouro.
Descobri,
por exemplo, uma crítica de autoria do imortal Antônio Olívio Rodrigues sobre
uma peça encenada no Cine Marília no dia 19 de janeiro de 1952, com atores
itapecuruenses, denominada “Os Transviados”, composta de três atos, de autoria
de Amal Gurgel, onde ele faz elogios e observações sobre o desempenho dos
atores, inclusive um deles, senhor Renato Oliveira, cheguei a conhecer e foi
meu chefe da Prefeitura Municipal.
Descobri,
ainda, a publicação de um capítulo de um livro inédito do Professor Newton
Neves, denominado “De Minhas Epístola”, publicado na edição nº 113 do referido
jornal, que circulou no dia 18 de fevereiro de 1950.
Como
regredimos nas artes cênicas (teatro, música e dança) do dia 19 de janeiro de
1952 para o dia 01 de novembro de 2015, passados apenas sessenta e três anos!
Se por obra do divino mestre o Professor Antônio Olívio Rodrigues retornasse a
Itapecuru Mirim com a missão de elaborar uma crítica de um evento cultural
teria que se contentar em escrever sobre uma banda de forró ou de axé
apresentando-se na praça, já que não temos mais nenhum teatro ou cinema com
espaço de apresentações, e teria a maior dificuldade de avaliar os atores, pois
nenhum deles seria itapecuruense e, no palco, apresentavam desempenho
semelhante, apenas um pequeno detalhe para a intérprete das músicas, que de quando
em vez rebolava até o chão.
Acredito
que esse foi o último jornal impresso de Itapecuru Mirim até o dia 23 de
novembro de 1991 quando o publicitário Gonçalo Amador, atual membro da Academia
Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA fundou “O Jornal de
Itapecuru”. São vinte e quatro anos informando e contribuindo para o
desenvolvimento de toda uma região, inclusive com abertura de espaços
importantes para a ciência, para as letras e para as artes.
Abre
também espaços apara aprendizes de feiticeiros como o escriba aqui que tem suas
crônicas publicadas mensalmente por esse importante veículo de comunicação. E o
bondoso confrade Gonçalo Amador ainda agradece!?
Parabéns
ao JORNAL DE ITAPECURU e que essa luta pala democratização da informação
continue, pois ela é fundamental para a ampliação da cidadania, mas sei que a
tarefa não é nada fácil.
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