É do nosso costume ver
filhotes de mamíferos nascerem e em poucos minutos estarem de pé procurando as
tetas maternas para iniciarem a sua lactação. Daí em diante a relação entre a
mãe o filho resume-se a isso até o dia que, obrigatoriamente, se separam.
Nós, gente, guardamos
diferenças fundamentais destes nossos companheiros da classe mammalia. Nascemos
nessa dependência e incapacidade precisando de ajuda para tudo expondo a nossa
fragilidade absoluta para sobreviver.
Responsabilizamos por
isso a própria evolução humana, alimentada por suas transgressões à natureza o
que gerou comportamentos dependentes do emocional e alterações físicas
adaptativas. A primeira incoerência gestacional vem da bipedestação que muda o
centro de gravidade do abdome feminino, puxando a coluna vertebral para frente
e sobrecarregando a pelve e os membros inferiores. As informações,
conhecimentos, sentimentos e impulsos criativos que vão se acrescentando ao
cérebro humano exigem que este tenha um tamanho cada vez maior, mas não há
estímulos para alteração dos ossos pélvicos que permanecem formando o mesmo
canal que não dará passagem a um crânio desproporcional. Então a solução da pobre
mãe natureza, diante da insubordinação humana, foi fazer os filhotes dos homens
nascerem antes do tempo, transferindo a responsabilidade da criação até a sua
independência às mães.
Aqui começa a mãe. Como se não bastasse a cessão do seu corpo
para servir de oficina de fabricar filhos, a cessão da sua energia, dos seus
alimentos, da sua defesa, da sua saúde e da sua dor tem que doá-lo à luz e
suprir o seu cortejo de necessidades até um dia imprevisível.
Continua diluindo-se em
vida para fornecer a riqueza da brancura do leite para que se transforme em
carne e osso deste novo ser. Este poderoso alimento, que deve ser tirado da
origem com força de beijo, serve de motivo para o fortalecimento do elo
emocional entre mãe e filho. A amamentação tem troca de olhares profundos,
veículos por onde o amor, como a emoção mais forte, entre ambos, planta em um o
amor filial e no outro o amor materno, emoções diferentes com a mesma raiz.
Assim uma convivência,
cheia de responsabilidades da mãe para condução do filho, vai expandindo a
humanidade com suas variedades culturais porem sempre colocando a mãe no
pedestal das benemerências.
Trazendo o assunto para
nós, que hoje comemoramos O Dia das Mães, estamos a refletir sobre a
estruturação familiar de um tempo passado, porem próximo, no qual vivemos. Talvez o Dia das Mães, de 50 anos atrás, não
tivesse a divulgação que tem hoje já que foi assumido pela mídia do consumismo,
com o alarde da obrigação de transformar o amor em materialidade nos objetos.
Quanto vale o carinho de um abraço? Uma xícara chinesa de plástico decorado? Um
chinelo acolchoado? Uma batedeira de bolo? E a fartura emocional da transmissão
de um beijo amoroso? Tem valor em bem material? Não para quem recebe.
O amor materno é o amor
mais intenso, perfeito e duradouro de todos os sentimentos. É um amor que
protege, que abriga, que doa, que perdoa, que acredita, que liberta, que não
enxerga o negativo. Assim é a mãe. O monumento mais perfeito em homenagem ao
amor. O maior repositório de bondade de todo o universo. O peito mais largo de
todas as super-heroínas. O coração mais doce de todas as guloseimas.
Este é um breve e mínimo
reconhecimento ao valor de todas as mães e para, os bons filhos.
Aproveito o momento para
saudar a memória da minha querida mãe, que no próximo dia 20, deste mês de maio
de 2020 estaria completando 104 anos. Como fazia todos dias, ao levantar e ao
deitar, faço agora com a mesma contrição: “bênção minha mãe” .
*Arquimedes Viegas Vale, Médico, professor universitário, articulista e poeta. Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES-MA). Membro fundador da Academia Sambentuense de Letras, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras, e de várias outras instituições literárias. Autor do livro Resíduos Cartesianos – Apologia do Abstrato - poesias, e muitos trabalhos científicos. Prêmio “Stella Leonardos” da UBE/RJ para o livro “APOLOGIA DO ABSTRATO” Medalhas Bicentenário da Justiça Militar – Brasil 2008. Newton Bello – Prefeitura de São Bento – 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário