sábado, 9 de maio de 2020

PENA ÁRIDA


          

     *Anna  Liz

     meu pai era boêmio
     tocava sanfona
     fazia serenata
     gostava de noitada
     no auge da juventude
     aos 36 anos de idade
     foi vítima de pistolagem

     minha mãe em casa
     sentada costurando
      vidas e histórias tristes
      engolindo a seco
      gole a gole uma dor
      nunca esquecida
      não fosse os filhos de herança
     nada mais teria nesta vida.

    criou os filhos com
     uma pena árida no peito
     juntou-se, remendou-se
     construiu nova família
     retalhos de muitas vidas
     que sob as penas de
     uma caminhada cáustica
    foram construindo escadas e
    plantando belos jardins
     e hoje a caminhada é mais leve
    apesar do peso da vida.

 
*Anna Elizandra Ribeiro  (Anna Liz)  de Santa Luzia (MA). Poetisa, escritora e professora. Tem participação em mais de 50 antologias lançadas no Brasil e em diversos outros países, além de já ter publicado sete livros solo, Conversa de Alguém que sente, Disperso em verso, Retalhos de Liz, Sob(re) a pena escondida, Poetas de Excelência - 40 poemas escolhidos pelo autor , Ella – repertório amoroso,  Ella – repertório do cotidiano e um dueto poético com o poeta Gil Betto Barros, “Quatro mãos: todas com poesia”. Ao longo de sua trajetória recebeu alguns prêmios de Literatura de entidades relevantes no campo literário no Brasil e em outros países. Faz parte de algumas Academias e Núcleos Acadêmicos de Letras e Artes no Brasil, Chile, Argentina e Portugal e, atualmente, é presidente/coordenadora da Associação de Jornalistas e Escritoras Brasileiras, coordenadoria Maranhão/AJEB-MA



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