terça-feira, 5 de maio de 2015

A MURIÇOCA ITAPECURUENSE

Por: João Carlos Pimentel Cantanhede

Inicio este artigo pedindo desculpas à confreira Jucey Santana e a todos os leitores do jornal de Itapecuru, por ousar escrever neste periódico, sobre um assunto tão banal e insignificante, que é a muriçoca. Todos, seguramente, irão concordar que, embora insignificante em tamanho, o incômodo causado por ela é gigantesco.
            
           Estive recentemente passando o feriado da Páscoa em Itapecuru-Mirim e pude matar a saudade de muitas coisas e pessoas, e por que não, de matar muriçoca. Quando minha esposa arrumou a bolsa de viagem o primeiro item que ela colocou foi o repelente, nosso filho é alérgico a picadas de insetos e, mesmo que não fosse, é melhor se prevenir.


Nós chegamos à noite e as muriçocas já estavam nos esperando, felizes da vida com a chegada de sangue novo. As danadas vieram aos montes picar o meu corpo todo, sobrevoar sobre a minha cabeça e atormentar o meu juízo com aquele zumbido infernal no pé da orelha. Mas eu me defendi de todas as formas, inclusive com a raquete elétrica, uma das melhores invenções humanas. Sejam sinceros: quem não gosta de dar raquetada em muriçoca?! Aquele tac, tac, tac é musica para os meus ouvidos.     
            
            Antigamente era bem mais difícil a batalha, nossas armas eram roupas, galhos de mato, fumaça... Sempre fui alérgico à picada de insetos e, por isso, minha mãe fazia umas botinas com pernas de calça jeans para eu usar. Só assim conseguia dormir.
           
           Outra arma dos tempos antigos ainda em uso contra a muriçoca é o mosquiteiro com seus dois modelos: de rede e de cama. Mas eu nunca gostei de usá-lo, principalmente os de cama porque eu me sentia sufocado.
           
           Bom, mas acabaram as tortas, o bacalhau, o ovo de páscoa e o feriado; só não acabaram as muriçocas. Quando voltávamos para São Luís fomos surpreendidos com o nosso filho falando zangado: “- vocês não vão para minha casa!” – dizia ele para algumas muriçocas que voavam dentro do carro. As danadas planejavam se dar bem em São Luís. Mal sabiam elas que lá a concorrência é grande, pois também está infestada dessas pragas.  


João Carlos Pimentel Cantanhede,escritor, pesquisador  é graduado em Educação Artística/Artes Plásticas    (Licenciatura) pela Universidade Federal do Maranhão  e tem especialização lato sensu em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão .  Publicou os livros Cantanhede: memórias terceiras,Veredas estéticas: fragmentos para uma história social das artes visuais no Maranhão.

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