por: Mauro Rêgo
O escândalo da PETROBRÁS envergonha
o Brasil diante da comunidade internacional. Afinal, essa empresa da qual nos
orgulhamos, passou a simbolizar, desde a memorável campanha do “Petróleo é
Nosso” que precedeu a sua constituição como empresa em 1954, as mais elevadas
aspirações do povo e da Nação brasileira. Citada como exemplo de organização,
administração e de prosperidade, qualquer coisa que a atinja, atinge a todos
nós brasileiros, todos sonhando que nossos filhos tenham capacidade para
pertencer ao seu quadro de funcionários.
Repentinamente surge a notícia de que alguns,
aproveitando-se de sua grandeza, passaram a beneficiar-se ilicitamente de seus
recursos, amealhados durante mais de 60 anos com trabalho e dignidade. Na minha
adolescência,participando da política estudantil,já tinha como slogan a sentença: “O Petróleo é nosso”,
numa advertência contra organismos internacionais que queriam apossar-se dessa
nossa riqueza que sabíamos existir abundantemente em diferentes áreas do
território nacional.
Depois de criada, a PETROBRÁS tornou-se essa grande
empresa que envaidece o nosso País ante a economia mundial, crescendo dia a dia
graças a novas descobertas e, principalmente, com a capacidade técnica e
administrativa dos milhares de brasileiros que nela trabalham.
Enquanto o Brasil continuava seu caminho, destacando-se
também diante da comunidade internacional em outras atividades econômicas - como
a mineração, a siderurgia, a aviação - uma doença crônica minava seu organismo
interno, corroendo sua moralidade. Era a corrupção que se alastrava em todos os
setores governamentais.
Sem demorar-me mais nas minhas elucubrações acerca de
nosso crescimento, afirmo, com muita magoa, que foi institucionalizada a
“propina” como o principal argumento para participar de obras no País. Institucionalizada
em todas as esferas públicas, já era comum que isso acontecesse. Formaram-se
então verdadeiros “cartéis” de empresas para que as licitações fossem
favoráveis aos proponentes desejados.
Altos funcionários da diretoria da empresa, estabelecidos
ali por indicação política e altos detentores de cargos públicos de poder,
envergonhando a corporação e o país, passaram a obter favores dos empresários
através do uso de ações escusas.
Agora, pressionada pela mídia que não conseguiu ser
calada diante do quadro que se formou e que ocupou as manchetes internacionais,
a Presidente da empresa, que declara enfaticamente ser mentirosa a informação
de que tinha sido alertada por um de seus diretores e é fortemente apoiada pela
Presidente da República, anuncia que está tomando medidas saneadoras.
E eu fiquei pasmo diante dessas medidas. Quem vai pagar o
pato são as empresas, vítimas desses crimes, que foram obrigadas a compactuar
com essa indecência, pagando propinas a essas pessoas ”importantes” para obterem
vitória nas licitações. Essas empresas tiveram que aumentar os preços nos
orçamentos apresentados para poderem participar dos serviços públicos. Elas
foram levadas a participar desse esquema para poderem continuar modernizando
seus equipamentos e capacitar continuamente seus funcionários, onde investiam
quantias talvez inferiores ao necessário para pagamento das propinas.
Enquanto isso, os corruptos de gravata que enriqueceram a
custa dessas práticas e esvaziavam os lucros das empresas, continuam sendo os
verdadeiros padrinhos deste país, às vezes voltando ao exercício de cargos
públicos que lhes proporcionarão oportunidades de mais enriquecimento. O que se
sabe é que há uma verdadeira onda de inovações jurídicas que adiam, impedem e
bloqueiam os resultados das investigações.Um ou outro desses maiorais às vezes épunido
e, na maioria das vezes, antes que as investigações sejam concluídas já estão
soltos por muitas outras decisões jurídicas.
É assim mesmo! Quando as coisas fogem ao controle dos
poderosos, precisa-se de um bode expiatório para enganar o povo.
Academia Anajatubense de Letras e da
AcademiaItapecuruense de Ciências, Letrase Artes –
AICLA).
E-mail: maurobrego@uol.com.br
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