Por: Tiago Oliveira
A povoação do vale do Rio Itapecuru teve sua origem
em 1620, na Povoação de Nossa Senhora do Rosário do Itapecuru-Grande com a
construção do Forte de Vera Cruz, por Bento Maciel Parente, “para conter os
índios hostis destas paragens” (Spix Martius, Viagem pelo Brasil).
O crescimento demográfico de uma região brasileira
segue uma estrutura hierárquica e administrativa, que teve início na Colônia,
conforme o processo de desenvolvimento classifica-se: Povoação ou Arraial;
Freguesia, sob o ponto de vista eclesiástico; Vila, categoria superior a
povoado; Cidade possui complexo administrativo, social e econômico. Esta
evolução territorial e orgânica crescia em cima dos restos das nações
indígenas; lugares com terras férteis, abundantes em caças, peixes e frutos
típicos das regiões. Os colonizadores não respeitavam as propriedades dos
nativos. Chegavam desencadeavam massacres e terrores, os índios sobreviventes
partiam em fuga para as matas e contavam as barbaridades dos homens brancos.
Isto criava aversão aos colonos, que invadiam suas terras e impunham as normas
de uma nova cultura.
A ocupação das margens do Rio Itapecuru não foi pacífica, houve confrontos e massacres entre colonizadores, nativos e invasores. A orla ribeirinha guardava uma região promissora de terras férteis. Teve início uma grande produção de riquezas: açúcar, algodão, arroz, gado, pescado, frutas, etc. “As margens deste rio poderiam fornecer algodão para as necessidades de toda a Europa. Essa grandiosa pujança de solo” ( Spix e Martius. Op. Cit). Enquanto os lavradores implementavam a produção nas fazendas, sofreram um assalto impetuoso com a invasão dos holandeses. Em 25 de novembro de 1641, sob o comando do Almirante João Corneles, primeiro saquearam São Luís, aprisionaram o governador Bento Maciel Parente. Dominada a Capital, partiram para o interior da Capitania. Subiram o Rio Itapecuru, 300 homens renderam as povoações ribeirinhas, apropriaram-se dos engenhos e exigiram a produção de “cinco mil arrobas de açúcar”. – (César Marques) Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão - Cerca de 75 toneladas, na época uma fortuna.
A ocupação das margens do Rio Itapecuru não foi pacífica, houve confrontos e massacres entre colonizadores, nativos e invasores. A orla ribeirinha guardava uma região promissora de terras férteis. Teve início uma grande produção de riquezas: açúcar, algodão, arroz, gado, pescado, frutas, etc. “As margens deste rio poderiam fornecer algodão para as necessidades de toda a Europa. Essa grandiosa pujança de solo” ( Spix e Martius. Op. Cit). Enquanto os lavradores implementavam a produção nas fazendas, sofreram um assalto impetuoso com a invasão dos holandeses. Em 25 de novembro de 1641, sob o comando do Almirante João Corneles, primeiro saquearam São Luís, aprisionaram o governador Bento Maciel Parente. Dominada a Capital, partiram para o interior da Capitania. Subiram o Rio Itapecuru, 300 homens renderam as povoações ribeirinhas, apropriaram-se dos engenhos e exigiram a produção de “cinco mil arrobas de açúcar”. – (César Marques) Dicionário Histórico e Geográfico do Maranhão - Cerca de 75 toneladas, na época uma fortuna.
Os
holandeses reconstruíram o Forte de Vera Cruz, que estava arruinado e deram o
nome de Monte Calvário. Guarneceram com uma tropa de 70 homens e 8 peças de
artilharia sob as ordens do Capitão Maximiliano Schade. Com estas atitudes
esperavam explorar as riquezas da região.
Os
proprietários dos engenhos saqueados das ribeiras do Itapecuru, constrangidos
com a situação devastadora, prepararam um levante comandado por Antônio Muniz
Barreiros e auxiliado por Antônio Teixeira de Melo. As tropas dos lavradores
marcharam contra os holandeses. Na noite de 30 de setembro de 1642, emboscaram
cinco engenhos, incendiando as casas que os invasores estavam hospedados. Ao
amanhecer do dia 1º de outubro tomaram o Forte de Vera Cruz, localizado abaixo
da Vila de Nossa Senhora do Rosário.
Os
holandeses foram surpreendidos com os ataques furiosos e cruéis dos senhores de
engenhos das margens do Itapecuru que lançaram fogo, tiroteio e golpes de
espadas; dominando, assim, os invasores. Apenas 40 homens sobreviveram feridos
e prisioneiros, inclusive o Capitão Maximiliano Schade.
A revolta dos indígenas: poucos anos após a dissipação holandesa, outro episódio triste e cruel marcou a história das margens do Itapecuru, o massacre dos padres Francisco Pires, Manuel Muniz e Gregório Fernandes, em 28 de agosto de 1649, pelos índios Tapuyos Uruatis. A atrocidade ocorreu no “Engenho do Itapecuru”, propriedade que Antônio Muniz Barreiros deixou como legado à Companhia de Jesus, que assumiu a educação do seu filho, Ambrósio Muniz Barreiros. Os Tapuyos cercaram a casa de palha, um tiro para “afugenta-los” disparado do interior incendiou a palhoça. Os portugueses fugiram; os padres, confiantes nos nativos, permaneceram no local, agredidos, pediram clemência, mas foram executados a golpe de borduna. No Engenho, “estavam quatorze homens, brancos e alguns indígenas mofilos” (batizado).
A revolta dos indígenas: poucos anos após a dissipação holandesa, outro episódio triste e cruel marcou a história das margens do Itapecuru, o massacre dos padres Francisco Pires, Manuel Muniz e Gregório Fernandes, em 28 de agosto de 1649, pelos índios Tapuyos Uruatis. A atrocidade ocorreu no “Engenho do Itapecuru”, propriedade que Antônio Muniz Barreiros deixou como legado à Companhia de Jesus, que assumiu a educação do seu filho, Ambrósio Muniz Barreiros. Os Tapuyos cercaram a casa de palha, um tiro para “afugenta-los” disparado do interior incendiou a palhoça. Os portugueses fugiram; os padres, confiantes nos nativos, permaneceram no local, agredidos, pediram clemência, mas foram executados a golpe de borduna. No Engenho, “estavam quatorze homens, brancos e alguns indígenas mofilos” (batizado).
A ribeira
do Itapecuru ficou devastada com a invasão holandesa e os ataques indígenas,
mas os jesuítas não se intimidaram com ações corajosas e, munidos de confiança
nos nativos, restabeleceram a paz na região. A beleza e as riquezas naturais: abundancia em
caça, peixes e frutos das margens do Rio Itapecuru renderam-lhe, com muita
peculiaridade, o título de “Jardim do Maranhão”. Logo vieram engenhos de
açúcar, criadores de gado, plantadores de algodão e uma variedade de produtos
agrícolas.
O mais antigo documento, já encontrado referente à povoação de Itapecuru-Mirim é datado de 25 de agosto de 1768, quando o Rei de Portugal D. José comunicou ao Governador do Maranhão, que tinha recebido dos moradores da Ribeira do Itapecuru, pedido para expedição de alvará de confirmação da Vila, datado de 12 de setembro de 1767, o qual dizia ter sido a mesma fundada, por ordem régia do Desembargado Manoel Sarmento. D. José nessas comunicações ordenava ao governador do Maranhão Joaquim de Melo e Póvoas que ouvisse o parecer do procurador da fazenda e do ouvidor e depois por escrito lhe enviasse a ordem que houvera autorizado à referida criação. Contudo, a povoação da Ribeira do Itapecuru-Mirim não foi elevada à categoria de Vila, pois, o referido pedido oficial (documento) não foi encontrado e o Rei D. José não autorizou a criação da referida Vila.
Porém, a povoação de origem europeia já existia aqui
(Itapecuru-Mirim) a algum tempo, pois, para uma povoação ser elevada à categoria
de Vila segundo às normas da Coroa Portuguesa exigia que existisse no mínimo:
trinta casais brancos, uma casa de Cadeia e Câmara, um pelourinho na parte mais
central da povoação dentre outros requisitos. Esta não foi encontrada, razão
por que a situação perdurou até 1818, quando foi lida, na presença do clero, da
nobreza e do povo, convocados para esse fim, a Provisão Régia de 27 de novembro
de 1817, determinando a criação da Vila, desmembrada do Município de São Luís.
Foi elevada à categoria de Cidade em 1870.
O topônimo Itapecuru tem vários significados. Para
alguns, quer dizer púcaro de pedra; para outros, pedra comprida ou larga em que
se armam ciladas e, ainda, caminho de muita pedra.
Itapecuruense é o gentílico do Município.
A Companhia de Comércio do Grão-Pará
e Maranhão: diante da proibição da escravidão indígena no Estado do Grão-Pará e
Maranhão, a Companhia teve a sua origem numa petição, encaminhada em 1752 pela
Câmara Municipal de São Luís do Maranhão ao governador e capitão-general, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, para que
fosse criada uma sociedade autorizada a explorar o comércio de importação de
escravos africanos. O governador acolheu de bom grado a ideia e, após ter
conseguido o apoio dos cidadãos mais influentes de Belém do Pará, encaminhou-a
com sua aprovação ao seu meio-irmão, o Marquês de Pombal. No Reino, no âmbito
da vasta reestruturação administrativa que promovia à época, Pombal atraiu,
para a ideia, grandes comerciantes das praças de Lisboa e do Porto. Desse modo,
fundava-se a Companhia, a 7 de Agosto de 1755, com um capital social de 1 200
000 cruzados.
O objetivo da Companhia era vender
escravos africanos em grande escala nas capitanias do Grão-Pará e Maranhão, com
isso desenvolvendo a agricultura e fomentando o comércio. Para esse fim,
recebeu diversos privilégios, como: o monopólio por vinte anos do tráfico de
escravos e do transporte naval de outras mercadorias para aquelas capitanias;
dispor de navios da Armada Real para a escolta de seus navios de transporte; o
reconhecimento de que os seus funcionários estavam oficialmente a serviço de
El-Rei; prioridade para as suas mercadorias nas alfândegas; foro especial para
as suas causas; entre outros. Esses privilégios foram posteriormente ampliados
pelo chamado "Alvará Secreto" de 1757, ano anterior ao em que
zarparia a primeira de suas frotas para o Brasil (1758).
Esse grande
número de facilidades e prerrogativas concedido à Companhia por parte do Estado
foi criticado pela Companhia de Jesus, prejudicada em suas explorações
comerciais na região. Como exemplo, o padre Manuel Ballestre, de seu púlpito em
Lisboa, afirmou: "quem entrar nesta Companhia não entrará na de Cristo,
nosso Redentor." Essa fala custou-lhe o desterro sumário da Corte.
Ao mesmo tempo,
de São Luís, o bacharel em direito João Tomaz de Negreiros, instigado pelo vice
provincial dos Jesuíta e procurador das Missões no Maranhão, padre Bento da
Fonseca, peticionou à Coroa Portuguesa expondo o descontentamento dos
comerciantes locais, que se sentiam lesados pela concorrência desleal. Pombal
considerou a petição ofensiva e o seu desagrado traduziu-se na detenção do
bacharel, do religioso, e de alguns dos comerciantes signatários da petição. Ao
mesmo tempo, o governador e capitão-general recebeu ordens de não mais admitir
qualquer ataque contra a Companhia, nomeadamente se originado de interesses
particulares eventualmente prejudicados. Todos os envolvidos deveriam ser
punidos, tornando-se objecto de devassa. A mesma prática deveria ser aplicada
aos padres que se aproveitassem do púlpito para instigar o descontentamento
entre a população.
Apesar das
críticas, a ação da Companhia trouxe grandes benefícios a São Luís: o comércio
com a metrópole, antes incipiente, floresceu. Se, até então, o movimento
resumia-se a um navio por ano para a Metrópole, entre 1760 e 1771 setenta e um
navios dali partiram para o reino, transportando, em seus porões, cargas de
algodão, arroz, cacau, gengibre, madeira e outras.
Com relação ao movimento de
escravos, calcula-se que, até 1755, data de sua criação, ingressaram apenas
três mil africanos no Estado do Grão-Pará e Maranhão. Entre 1755 e 1777, esse
número saltou para doze mil (SANTOS, 1983: 14-15). A aquisição dessa mão de
obra em Cacheu, Bissau e Angola era financiada pela Companhia. Maria I de
Portugal extinguiu o monopólio, no início da década de 1780, no contexto da
chamada "Viradeira", extinguindo a própria Companhia em 25 de
Fevereiro de 1778. A sua liquidação, entretanto, arrastou-se ao longo das
décadas, sendo concluída apenas em 1914.
A cidade de Itapecuru-Mirim e do vale do rio possuiu a
maior concentração de escravos do Brasil neste período, no período imperial propiciando as insurreições de escravos
durante a Balaiada e culminando com o enforcamento do seu maior líder o “Negro
Cosme” para servir de exemplo para os seus pares.
Cemitério dos bem-te-vis no Povoado Mirinzal a cerca
de vinte e três (23) quilômetros da sede do município de Itapecuru-Mirim, o
povoado fica às margens da BR 222, o referido cemitério fica a apenas trezentos
(300) metros da mesma. Este local recebeu este nome em virtude de durante a
Guerra da Balaiada ter ocorrido um embate entre as tropas legalistas e as
revolucionárias, sendo que alguns bem-te-vis mortos teriam sido enterrados
neste local, batizando o mesmo.
Pedra fundamental da Igreja Matriz de Nossa Senhora
das Dores do Itapecuru-Mirim, que fora lançada por Luís Alves de Lima e Silva,
futuro Duque de Caxias, durante sua estada em terras itapecuruenses. Sendo que
o futuro Duque fez uma grande doação em dinheiro e do seu próprio bolso para a
construção da mesma, mais que segundo alguns historiadores o real motivo de tal
benevolência era colocar toda a população local contra o “Bando de Negro Cosme”.
A imagem ao lado é da referida Igreja anos cinquenta (50) do século XX.
Casa de Cultura de Itapecuru-Mirim, Professor João
Silveira, que serviu de Cadeia Pública para o município de meados do século XIX
até quase o final do XX, neste local Cosme Bento das Chagas o “Negro Cosme” foi
preso, julgado, condenado a morte em 05 de abril de 1842 e enforcado em frente à
mesma em setembro de 1842.
Uma bela viagem para história do município a partir dos primeiros contatos dos indígenas com os europeus - Parabéns TIAGO!
ResponderExcluirsem duvidas esta muito bom ler esses textos postados aqui no blogger, é cada postagem super elaborada muito bom mesmo!
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