Por: Jucey Santana
Mais um ano que a
família Nogueira se desloca de São Luís para proporcionar aos itapecuruenses da
tradicional Festa da Santa Cruz. Cabe-nos o questionamento, até quando teremos
esta festa?
A Festa da Santa Cruz é uma das mais antigas e populares do calendário
religioso de Itapecuru Mirim, ficando atrás somente do festejo de São Patrício
de Kelru. De origem incerta, com
informações a partir do trabalho abnegado de Francisco Antônio Gonçalves que
durante mais de 50 anos, fez da Festa da Cruz o maior evento religioso de toda
a região.
Em 1862, quando foi nomeado sacristão do padre Francisco José Cabral, (Publicador Maranhense, 10.5.1882), o
Alferes da Guarda Nacional, Antônio Francisco de Sousa Gonçalves, assumiu a
coordenação como “Mordomo” da Festa da Santa Cruz. Não se tem notícia se a
festa teve origem naquela época.
Antônio Francisco Gonçalves mobilizava toda a sociedade para com as
“Comissões Organizadoras” das noitadas. A festa durava nove dias, (novenário) e
eram feitas as chamadas nos jornais de circulação da época com antecedência de
três meses, juntando grandes multidões das redondezas e da capital.
Antônio Francisco Gonçalves, “reconstruiu e arborizou” a capela de Santa
Cruz, no largo (Pacotilha, 20.9.1887 e Diário do Maranhão,
23.11.1879) e figurou como encarregado até 1908 (Pacotilha, 20.7.1908).
Em entrevista com octogenários conterrâneos, estes afirmam que “o povo
antigo” falava da capela da Cruz, lá para o “o caminho do Pau de Arara”. Talvez no local do Grupo Gomes de Sousa ou
logo depois deste.
A partir de 1910 assumiu a coordenação da Festa os comerciantes Marianno
Borges de Lima Castelo Branco e Salustiano Castelo Branco Silva que ficaram à
frente dos comissionados por alguns anos assumindo a liderança do festejo, as
famílias Sitaro e Bezerra a partir dos anos 20.
O comerciante e político Francisco Garcia Nogueira casado com Hilda Sitaro
Bezerra foi mordomo responsável pela Festa da Cruz, por mais de 40 anos, até a
sua morte em 1972. Com o falecimento do “velho” Chico Nogueira a festa entrou em declínio. Por alguns
anos não foi realizada.
Porém os
familiares do Chico Nogueira, retomaram
o compromisso com o festejo e
continuam organizando a festa no
mês de outubro. Infelizmente o evento não tem o mesmo brilho de outrora.
Apesar de
residirem fora de Itapecuru, cada qual cuidando dos interesses pessoais, no mês de outubro a
antiga casa da família na praça da Cruz,
construção da época da gestão do
prefeito Bernardo Tiago de Matos,
continua abrindo suas portas, quando se reúnem em Itapecuru para celebrar a Cruz.
Vale frisar que
as festas religiosas de Itapecuru Mirim eram administradas por famílias
influentes. A antiga Festa de Santo Antonio, (trezena), era considerada uma das
grandes festas da região, tinha por
responsável Antonio Gabriel, filho de escravos, mais conhecido como Velho Bié. A festa se realizava na antiga
capelinha, onde atualmente é a substação da Cemar. Nos anos 40 a 50 a
festa desapareceu. O festejo de São
Benedito era de responsabilidade de
Abdalla Buzar Neto e sua família. A Festa do Espírito Santo era
realizada por Raimundo Francisco Veras,
a de Nossa Senhora das Dores pelo casal Dominho e Cirene Sitaro e a de São Vicente de Paulo, pela Confraria dos
Vicentinos. Com o desaparecimento das famílias mantenedoras, as festas,
gradativamente entraram em declínio.
Seria
interessante que a Paróquia de Itapecuru Mirim e a comunidade católica
assumisse a responsabilidade da
tradicional Festa da Cruz para
que no futuro não desapareça esse importante marco histórico da secular cidade.
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