Por:
Tiago Oliveira
Com uma bacia hidrográfica de aproximadamente 54.970 km²
e uma extensão de mais de 1.000 km de comprimento, o Rio Itapecuru é o maior em
extensão do Maranhão e o terceiro maior do Nordeste, atrás apenas do São
Francisco e Parnaíba, sua nascente está localizada na região Sul do Maranhão no
município de Mirador (dentro do Parque Estadual de mesmo nome, que foi criado
pelo Decreto Governamental nº 7.641, de 4 junho de 1980
no Governo de João Castelo, cuja área aproximada é de 500 mil hectares) num
conjunto de serras formado pela Crueira, Itapecuru e Alpercatas numa elevação,
que fica a aproximadamente 530m de altitude, já sua foz está localizada na
região Norte, no Município de Rosário, onde as águas são lançadas na Baia do
Arraial ou São José a sudeste da Ilha de São Luís, por dois braços denominados
Tucha e Mojó, vale salutar que apesar de tanta agressão o Itapecuru ainda
continua perene. Inicialmente seu curso segue a direção Oeste-Leste, após uns
50 km de curso segue na direção da confluência com o Alpercatas no Município de
Colinas. Após receber as águas do Alpercatas segue no sentido Nordeste,
mantendo este sentido, até a Foz do Correntes, a partir deste lugar, muda o
curso para o noroeste, vagueando até Caxias, quando vai manter a direção Sul -
Norte até a sua foz.
A sua bacia como
acontece com todos os grandes rios recebe vários cursos d’água, sobre este
assunto ao contrário de apenas citar nome, trarei algumas informações sobre
estes afluentes retiradas do MAPA
POLÍTICO DO ESTADO DO MARANHÃO (IBGE, JAN. 2010):
Rio
Alpercatas nasce no Município de Formosa da Serra Negra, atravessa os
Municípios de Mirador, Fernando Falcão e desagua no de Colinas, no lado
esquerdo do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 200 km de extensão; sendo
este o maior afluente do Itapecuru e por ser perene e o que contribui com o
maior volume de água.
Rio
Corrente nasce no Município de Lagoa do Mato passando por Buriti Bravo onde
desagua na margem direita do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 75 km de
extensão, continua perene.
Rio
Itapecuruzinho nasce no Município de Parnarama passando por Matões, desaguando
em Caxias onde desagua na margem direita do Itapecuru, após percorrer
aproximadamente 93 km de extensão, continua perene.
Rio
Pirapemas nasce no Município de Timbiras e atravessa este último e Pirapemas
onde deságua no lado direito do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 95 km
de extensão, dependendo da estiagem fica apenas com grandes pulsões de água.
Rio
Codozinho nasce no Município de Governador Acher e atravessa o município de
Codó onde deságua no lado esquerdo do Itapecuru, após percorrer aproximadamente
80 km de extensão.
Rio
Gameleira nasce no Município de Caxias atravessa o de Aldeias Altas, onde
desagua do lado direito do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 80 km,
pode ficar seco durante a estiagem.
Rio
Peritoró nasce no Município de Capinzal do Norte e atravessa os municípios de:
Peritoró, Alto Alegre do Maranhão, Coroatá e Pirapemas onde desagua no lado
esquerdo do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 120 km de extensão, foi
perene até a década de 70 do século XX.
Igarapé
do Ipiranga nasce no povoado Santa Rita, no Município de Itapecuru-Mirim,
desagua na margem direita do Itapecuru, após percorrer aproximadamente 30 km.
Igarapé
Itapecuruzinho nasce nas proximidades do Povoado São Sebastião em Itapecuru –
Mirim e desagua na margem direita do Itapecuru, nas proximidades do Povoado
Barriguda no mesmo município, após percorrer algo em torno de 16 km.
Igarapé
Jundiaí nasce no Município de
Igarapé
Caremas nasce nos limites do Município de Anajatuba com Santa Rita desaguando
neste último na margem esquerda do Itapecuru, após percorrer mais de 30 km.
Igarapé
Nambucuim nasce no Município de Santa Rita nas proximidades do Povoado São
Miguel, após percorrer mais de 20 km desagua neste mesmo Município na margem
direita do Itapecuru.
Igarapé
Riachão nasce nas proximidades do Povoado Cajueiro no Município de Itapecuru
Mirim e após percorrer mais de 20 km desagua na margem direita do Itapecuru.
Todos
estes rios e igarapés citados já foram muito ricos em peixes e suas matas
abrigavam grande variedade de vida, além de funcionarem como um grande sistema
de capitação de água para o rio, porém se encontram tão ameaçado quanto o
mesmo; pois enfrenta os mesmos problemas; estes cursos d’água tinham a função
de irrigar o rio continuamente e com a morte destes o rio já não consegue mais
manter o seu volume de água, por isso para salvar o Itapecuru deve-se salvar
também os seus afluentes.
Ainda sobre a geografia do rio um dos entraves é que o
Itapecuru por ser um rio de planalto, ou seja, com paredões (barreiras)
elevados, este não possui muitos lagos e lagoas como os rios Mearim, Grajaú e
Pindaré e os que existem estão geralmente ligados às nascentes dos igarapés e a
córregos bem próximos do seu leito; essas barreiras no baixo Itapecuru entre
Itapecuru-Mirim e Rosário encontram-se algumas que podem chegar a 50 m de
altitude, como ocorre no Povoado Kelru e Barreiras. Tal característica foi
desenhada nos primórdios da bacia do Itapecuru, que começou a ser formada a
milhões de anos; veja esta matéria publicada no Jornal de Itapecuru, 02
de dezembro de 1990. A citação que vem abaixo além de trazer preciosas
informações sobre a formação geológica do rio, ainda serve de parâmetro para
uma possível utilização pela ciência e exploração do ecoturismo.
[...] Durante as
escavações de fósseis às margens do Itapecuru, uma das coisas que mais
surpreendeu os pesquisadores do Museu Nacional foi às rochas encontradas do
período Cretáceo, que foram formadas entre 65 e 100 milhões de anos; sugerindo
que toda a extensão do rio é rica em fósseis. As pesquisas foram lideradas pelo
professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cândido Simões
Ferreira. Já o fóssil do Amazonasaurus maranhenses, que quando vivo media cerca
de 10 metros e pesava aproximadamente 10 toneladas foi encontrado no Povoado
O texto sugere o perídio de formação do rio, que é
algo em torno de 100 milhões de anos e ao mesmo tempo traz uma reflexão. De
todas as espécies que já margearam o mesmo, apenas o homem branco em menos de
quatrocentos anos de continua exploração já o comprometeu ao ponto, do mesmo já
estar quase morto em vida aquática, perdeu quase que a totalidade de suas
matas, reduziu o volume d’água, além de estar ficando insalubre.
Outra informação que
trago alume neste trabalho são os relatos de Raymundo Gayoso, argentino, que
fora degradado para a cidade de Rosário – MA. Veja como ele descreveu o
Itapecuru, no seu livro Princípios da Lavoura do Maranhão, Pág.
98 – 1843. - GRAFIA DA ÉPOCA.
Hum dos principais rios da terra
firme he o chamado Itapecurú. A sua boca principia, segundo algumas opiniones,
onde se achão as ruinas da antiga fortaleza do Calvario, ou Vera Cruz, de que
já falei, e foi edificadda no anno de 1620, para repelir os ataques do gentio
que vinha embaraçar as plantações de cana estabelecidas pelas vizinhanças da
boca do rio. Pertendem outros que a boca delle he mais para baixo da dita
fortaleza, logo passada huma pequena bahia chamada Caldeireiro, vindo da
cidade. Esta diversidade de opniniones dêo motivo a alguns conflitos entre
varios sismeiros [...].
Outro ponto de grande relevância a
ser abordado é a largura do mesmo, que no seu alto curso possui poucos metros
de largura, em média 10 a 30m e profundidade da ordem de 1,5m, em média,
contudo em Mato Grosso essa largura é de apenas 5m, já entre Feira da Várzea e
Mirador chega a 25m de largura. Após, receber as águas do rio Alpercatas; a
largura chega a aproximadamente 45m. Neste ponto do rio, a profundidade máxima
é de 2,60m medidos na cidade de Colinas:
Veja o que diz: César Marques em seu Dicionário Histórico e Geográfico da
Provincia do Maranhão, p. 342.
1870 - São Luís. Tipografia Frias:Lagura
do Rio: seria de 20 a 25 passos da
sua nascente até a sua confluência com o Rio Alpercatas, de 70 a 100 passos
deste último até a Vila do Itapecuru e de 100 a 300 passos desta Vila até a sua
foz.
Ao lado imagem (google.maps) do Parque Estadual do
Mirador, na nascente do Itapecuru, que está sendo cercada por grandes
plantações de soja, que serão transformadas em rações para porcos, gados e aves
na Europa, Ásia e América do Norte e isto ocorre sem o mínimo de planejamento
necessário para se manter a nascente do mesmo preservada, aliás só aumenta a especulação
sobre estas terras. Localizadas entre os municípios de Mirador, São Raimundo
das Mangabeiras e Formosa da Serra Negra.
O texto faz parte do livro inédito “Caminhos do Itapecuru” de autoria do professor Tiago Oliveira
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