Por:
Tiago Oliveira
Neste tópico quero enfatizar a quase extinção de dois peixinhos a pataca
(Tetragonopterus argenteus - Cuvier, 1816) e a pititinga (Engraulis
encrasiocolus), que habitam essencialmente o leito do rio só sendo
encontrados em seus igarapés próximo da foz dos mesmos e durante as cheias.
Estes peixinhos de pequeno porte são fundamentais para a vida existir no rio,
por habitarem a região que chamamos de flor d’água se alimentam de quase tudo
que cai na água, tais como: insetos, larvas, matérias em decomposição e por
isso servirão de alimento para os peixes maiores e para as garças, socós,
martins – pescadores etc. Por isso, o desaparecimento de tais indivíduos trará
consequências irreversíveis ao ambiente em foco. Para minha pessoa falar dos
peixes do Itapecuru e manter o distanciamento necessário de autor, foi
impossível, pois por vezes fiz minhas refeições embaixo de árvores na sua
margem, servindo-me de toda a sua variedade e apreciando o sabor do melhor
peixe do Maranhão e ver que atualmente os poucos que ainda são capturados
sequer podem ser ingeridos devido ao gosto ruim da poluição que já entranhou em
sua carne.
Acima se vê imagens de
quatro exemplares de peixes, que já foram comuns e abundantes nas águas do
Itapecuru, que são, a saber: Curimatá, Piranha Branca (Pirambeba), Caranbanja e
Sarapó. Contudo, está população de peixes não só das espécies acima como de todas
estão seriamente ameaçadas de extinção no rio, sendo que outras já foram
extintas, por várias razões uma delas é que os verdadeiros donos da Ribeira do
Itapecuru não povoam mais suas margens, e se o rio Itapecuru ainda fosse
cercado de aldeias talvez sua realidade fosse outra. Principalmente, no que se
refere à população de peixes seria mais abundante em virtude da consciência
ecológica dos indígenas, que exerciam a atividade pesqueira apenas com o
intuito de prover o seu sustento, sem objetivar lucro, já que, estes não
comercializavam o mesmo e capturavam os que estavam propícios para a sua
alimentação. Veja o que diz CESAR Marques em seu - Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão: Em 14 de setembro de 1869 foi
pescado com muita dificuldade um grande peixe chamado Espadarte (Pristis perotteti), na volta do Curimatá, no lugar denomido Croeiras, perto perto da Vila do Rosário, para onde foi conduzido
e ai retalhado. Tinha 28 palmos de comprimento da cauda a ponta da espada e 12
de largura. Admira o ser conduzido n’água doce, e longe da foz d’este rio. Este
fato vem mostrar o nível de preservação em que ainda se encontrava o rio, no
final do século XIX e início do XX.
É claro que o sumiço
dos índios da Ribeira em tela não o único motivo da extinção dos peixes do dito
Rio. Já que, os relatos de pescadores ribeirinhos e alguns textos históricos
dão conta de uma grande variedade e abundância de peixes vivendo em suas águas,
mesmo até meados das décadas de 50, 60, 70 e até 80 do século XX, momento que a
população ribeirinha aumentou drasticamente nas suas margens sem planejamento,
levando a um crescimento desordenado das cidades e um consumo vertiginoso dos
seus recursos, tais como: caças, água, terras, madeiras além do impacto
gigantesco na quantidade e variedades dos peixes do Itapecuru.
Veja esta crônica: Sexta Feira, 23 de janeiro de 1963
– Página 3. Correio do Nordeste. Crônica de Zuzu C. Nahuz – A Enchente de
19924.
Como me recordo de março de 1924, quando o Rio
Itapecuru teve uma de suas maiores enchentes.As águas subiram assustadoramente
tomando conta da estação da Estrada de Ferro e, ao lado da Cidade de Itapecuru
até a Rua do Egito.Num domingo a tarde, papai resolveu levar seus familiares
para um passeio de canoa, sob o comando do remador Vitor Almeida. Saimos as
três horas da tarde e como me lembro da hora em que passamos dentro da estação
do trem e que papai levantou a mão tocando a sineta.
Depois, viemos sobre as águas pela linha do
bonde puxado a burros e ao chegarmos próximo a casinha do mencionado veiculo,
uma caçoeira impediu nossa passagem obrigado-nos a fazer uma volta muito grande
para regressarmos a nossa casa.Nessa mesma noite fomos a residência do Coronel
Climaco Bandeira de Melo assistir uma pescaria de caniço e anzol, no próprio
quintal daquele saudoso politico.
O velho Rodolfo pegou nessa noite
muitos mandubés, mandis, anojados, curimatás, piaus, branquinhas e
surubins.Nesse tempo, o Rio Itapecuru era muito piscoso e meu pai tinha duas
redes de pescaria e quando voltavam do Igarapé
do Jundiai, a varanda de nossa casa ficava lastrada de peixes de toda
as qualidades.Uma cambada de mandubés que era o melhor peixe da época, custava
dois mil reis e as piranhas, sarapós, tubis e os cascudos, meu genitor dava a
pobreza.O peixe era tão abudante que dezenas de homens e mulheres o salgavam,
para vender para Anajatuba e Vargem Grande.Dizem que as maiores enchentes do
Rio Itapecuru foram em 1917 e 1924, quando a cidade foi transformada em
calamidade pública.
Sobre o tema acima moradores da cidade de
Itapecuru-Mirim contam que os pescadores traziam muitos peixes do Igarapé
Jundiai até meados da década de 80 do século XX, e que quando
chegavam com as canoas anuciam a sua chegada com um berrante e nos serviços de
autofanlantes, que existiam na cidade, atualmente este fato só existe na
lembrança.
Destaco aqui, também os
relatos do pescador Raimundo Nonato Alves, que nasceu na margem esquerda do
Itapecuru, em 1955, no Povoado Areias, Município de Santa Rita. O mesmo relata,
que desde cedo foi habituado a pescar e que pela metade dos anos 60 do século
XX, ainda era possível pescar grandes quantidades de peixe de bom tamanho
(pescadas de 9 kg, curimatãs de 3kg, surubins de 30kg, branquinhas de 250 g...)
no Itapecuru e de toda variedade (mandubés, bagres, surubins, pescadas,
camurins, curimatãs, branquinhas, mandis, anojados, papistas, douradas, sem
contar os relatos das aparições do Peixe-Boi (Trichechus inunguis) à flor d’água), este último foi praticamente
extinto, contudo em junho de 2013 o morador do Municipio de Rosário – MA, Geovane,
trabalhador da Pedreira Ananheguera, encontrou na margem esquerda do Itapecuru,
no Povoado Boa Vista, um Peixe – boi de aproximandamente dois metros de
comprimento e trezentos quilos, morto e encalhado em um corrego, sendo que a
causa morti do mesmo não foi estudada, infelizmente. Voltantando aos relatos do
pescador Raimundo Nonato Alves o mesmo afirma, que naquela
época a pescaria era feita ainda quase que de maneira artesanal por meio de
puçás, jequis, cofos, anzóis e os métodos mais profissionais eram feitos com a
utilização de tarrafas, redes de rabo e espinhéis, e segundo o mesmo as temidas
redes de náilon (caçoeiras) eram raríssimas sendo introduzidas naquela região
por um pescador da cidade Itapecuru-Mirim, conhecido por Miguel Arcanjo. Outro
relato bem interessante do mesmo pescador dá conta da grande variedade de
animais vivendo nas matas ciliares, que por serem preservadas, ainda abrigava
muita vida além de informar sobre a largura do rio, que por ser tão estreito e
preservado, que naquela região alguns macacos conseguiam atravessar o mesmo
saltando de uma margem à outra, usando os galhos dos ingás (árvore comum da sua
margem). Atualmente na região citada por ele que é conhecida como estirão do
Taquipé (Igarapé afluente do lado esquerdo do rio) o rio tem quase duzentos
(200m) de largura fruto principalmente do assoreamento causado pelas roças e
quedas de barreiras, que são causadas principalmente pela retirada ilegal de
areia e das vazantes (roças que são feitas na beira do rio).
Ligado a tudo isso
temos, atualmente, outro grande problema que é a falta de consciência da
sociedade comum um todo e principalmente das entidades públicas, que não
exercem sua função disciplinadora e reguladora, sobre as questões ambientais.
Os relatos dos pescadores e documentos antigos mostram que infelizmente muitas
espécies já foram extintas e as que ainda existem estão em número reduzido e
não conseguem atingir o seu tamanho ideal para o consumo, já que, são
capturadas prematuramente, por redes que possuem malhas cada vez menores e
tantos outros métodos predatórios. Tais como, os que elenco abaixo, mantendo a
estrutura original que foi apresentada na forma de Banner no VIII EPICECEN da
UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), em maio de 2014. Com o apoio
exclusivo do Colégio Jesus Maria José, Instituição que faço parte como
professor desde janeiro de 2008, e que é sempre parceira em ações relativas a defesa
do meio ambiente.
Pesca
Predatória no Itapecuru
Um dos principais
motivos para a diminuição do número de peixes no bioma em foco é a pesca
predatória, que acontece durante todo ano. Contudo, o período mais crítico é a
desova (piracema), que coincide com a época da cheia do Rio, pois, é nesta
época que os peixes procuram os igarapés e a cabeceira do rio para a desova.
Garantindo assim, a criação de novos indivíduos. As principais formas de
predação estão elencadas, abaixo:
Redes
de Remanso
A margem do rio é
constituída por pequenas enseadas, que faz com que o curso da água forme
pequenos remansos (local onde á água parece não se movimentar), nestes lugares
os pescadores costumam colocar suas redes a espera dos peixes, que utilizam a
mansidão destas águas ou para subir o rio com maior facilidade ou para se
alimentar, reproduzir e descansar por alguns períodos, tornando-se assim presas
fáceis das redes de pesca (malhadeiras) com suas malhas cada vez menores.
Quando eles não vão sozinhos são forçados a ir pelas batidas nas coivaras, que
geralmente existem nestes locais e servem de proteção para os peixes.
Redes
nas desembocaduras dos igarapés durante a Piracema (cheias)
Até a década de 80 do
século XX era muito comum um tipo de pesca muito agressiva a reprodução dos
peixes, que era conhecida como Rede de Rabo, neste caso era utilizada uma
imensa rede com formato de um saco de coar café, similar a uma tarrafa, que era
colocada na desembocadura dos maiores igarapés (afluentes do rio Itapecuru),
para capturar os peixes
Que desciam das
nascentes dos igarapés após a desova e como a malha era pequena, até mesmo os
impróprios para a comercialização eram mortos. Este tipo de pesca impedia os
peixes de retornar ao leito do rio. Segundo relatos do Pescador Raimundo Nonato
Alves de cinquenta e nove (59) anos, Raimundo Ferreira Muniz de sessenta e
quatro (64) anos, Raimundo de Assis já falecido, que pescaram por vários anos
com este tipo de rede, as mesmas também eram utilizadas durante a estiagem no
leito do rio para capturar peixes nos pulsões ou lajeiros (formações rochosas
muito comuns nos trechos próximos a foz do rio, que são constituídos
principalmente de material sedimentar).
Atualmente,
o tipo mais comum são as chamadas malhadeiras, redes de náilon, que também são
colocadas nas desembocaduras (foz) dos igarapés e nos seus banhados (áreas
alagadas por eles) durante as cheias impedindo que os peixes procriem soma-se a
isso a pesca com anzóis, barragens irregulares etc. formando um conjunto de
fatores nocivos ao bioma em tela.
Tapagens
nos igarapés
Além das redes
supracitadas e os anzóis os peixes enfrentam outro grave problema são as
chamadas tapagens, métodos artesanais de pesca, provavelmente herdado dos
indígenas e assimilado pelos pescadores. Este método consiste em literalmente tapar
o leito dos igarapés com palhas de babaçus de uma margem a outra logo nas
primeiras cheias impedindo os peixes até mesmo subirem, este sistema faz com
que á água forme uma pequena represa, neste momento são feitos orifícios
(buracos) nas paredes das tapagens onde são colocados jequis (instrumentos com
formato de funil feitos da tala do babaçu entrelaçado por cipó) por onde água
passa, os mesmos funcionam como um filtro impedindo assim a passagem dos
peixes. Como, as tapagens formam represas
acima delas, á água passa pelos jequis com certa força, matando assim
geralmente todos os peixes, que são aprisionados, tanto os que estão próprios
para o consumo, como os impróprios, quem visitar um desses locais terá a
ingrata oportunidade de visualizar grande quantidade de alevinos de todas as
espécies possíveis mortos.
Pesca
de Açoite (batida)
Estas acontecem durante
as marés a partir do Povoado Barriguda seguindo até a foz do rio, porque é
praticada principalmente durante a maré, pois, esta comunidade ribeirinha
pertencente ao Município de Itapecuru-Mirim, está situada a menos de duzentos
(200) quilômetros da foz do Itapecuru. Tal, proximidade permite que a força das
marés inverta a corrente natural do mesmo, que ocorre do sul para o norte.
Contudo, só ocorre nos meses da estiagem. Esta
prática consiste em colocar as redes, no instante em que as águas estão
paradas. Os pescadores armam as redes, que por vezes margeiam o rio de lado a
lado, e descem suas águas ficando a aproximadamente duzentos (200) metros das
redes e em seguida começam bater na água com pedras, remos, varas e nados
assustando os peixes, induzindo os mesmos a se dirigirem ao encontro das
temidas malhadeiras, para os peixes um espetáculo de horrores; presenciei
algumas vezes e até mesmo pratiquei, e infelizmente visualizei até o uso de
foguetes na água.
Para amenizar os casos
acima temos programas como o Seguro Defeso do Governo Federal que garante o
pagamento de quatro salários mínimos aos pescadores cadastrados no programa
durante a época de reprodução dos peixes (Piracema) e que são de
responsabilidade das colônias de pescadores fiscalizarem, mas que não funciona
como devia. Pois, pela essência os pescadores cadastrados deveriam atuar como
fiscais no período da desova dos peixes e caso praticassem a pesca, que fosse
apenas, em quantidades mínimas e se a mesma fosse ilegal deveriam ter os seus
benefícios cancelados. Contudo, o que ocorre na prática é que existem pessoas
cadastradas sem terem um único vínculo com as atividades pesqueiras, além do
fato de, praticamente todas as beneficiadas, continuarem a manter a pescaria
durante este período e o pior é que, a mesma ocorre de maneira predatória, tudo
isso atrelado à falta de fiscalização por meio das colônias, Ministério
Público, IBAMA, Secretarias Municipais e Estaduais de Meio Ambiente e
pescadores que não respeitam o defeso e todo o tipo de descaso possível para
com o rio; como exemplo temos a colônia de pescadores de Itapecuru-Mirim Z40
que foi fundada em 31 de maio de 1949 e atualmente conta com mil e duzentos
(1.200) associados (até a conclusão deste texto, em dezembro de 2014), sendo
que setecentos (700) já possuem sua carteira e recebem o benefício e os outros
quinhentos (500) ainda estão no aguardo da mesma. Fazendo um parâmetro de como
seria fundamental termos pescadores conscientes, vamos fazer um cálculo
aproximado de quantos pescadores associados existem na Bacia do Itapecuru,
tomando como base esta cidade e apenas as que são ribeirinhas ao Rio. Contando,
com cidades ribeirinhas e outras, que apenas fazem parte da Bacia do Itapecuru,
por serem cortadas por seus afluentes e por isso ter suas águas drenadas pelo
outrora “Jardim do Maranhão”, somam mais de cinquenta (50). Multiplicando este
número apenas por mil (1.000) teríamos algo entorno de cinquenta mil (50.000)
fiscais permanentes do belo rio, agora imagina o impacto positivo que uma ação
conjunta de tamanha população faria para o mesmo.
Entretanto, não há de
fato uma campanha de esclarecimento e conscientização sobre a finalidade do
programa, (que é a proteção dos peixes no seu momento mais vulnerável) muitos
associados sequer são pescadores, sem contar no indício da existência de
pescadores fantasmas e até mesmo aqueles que são cadastrados por trocas de
favores eleitorais.
Outros problemas ambientais, só corroboram com o
descaso, pois, tão necessário quanto preocupante para a preservação da
biodiversidade deste rio é o projeto, que se desenvolve no Povoado Areias, no
Município de Santa Rita. Desde a segunda metade dos anos 90 do século XX, que
teve como precursor um Sr. conhecido porpulamente como João Tambaqui. Este último
foi o responsável por toda esta expansão da cultura da psicultura de peixes da
Bácia Amazônica em toda esta parte do Maranhão; vale salutar, que no povoado em
tela várias pessoas, que trabalharam com o mesmo também já constituiram suas
próprias psiculturas, para criação das matrizes de tambaquis e posteriomente
desenvolvimento dos alevinos reteriando água do rio é claro. O benefício fica
por parte da geração de renda para a região e a produção do alimento mais
saudável que é a carne de peixe, para grande parte da população maranhense e
até mesmo cidades do Piauí e Tocantins, que compram alevinos daquela região.
Os pontos negativos ficam por parte da devastação da
mata ciliar para dar lugar aos tanques, o
desvio de alguns cursos d’águas, ou seja, alguns igarapés são
transformados em barragens para acumular água durante o período da estiagem
impedindo alguns peixes de fazerem este trajeto durante a piracema, além de não
permitir, que à água faça o seu curso natural; porém talvez o mais preocupante
é a inserção de novas espécies de peixes (tambaquis, pirarucus e tilapias) nas
águas do Itapecuru, que vem acontecendo principalmente pelo rompimento de
barragens onde as matrizes ficam alojadas e até mesmo durante a limpeza dos
tanques, pois, os mesmos estão sempre perto de algum curso d’água ligado ao
rio. Estas espécies invazoras já são constantemente capturadas por pescadores e
por não fazerem parte deste bioma representam uma grave ameça, pois, não
possuem predadores naturais além de poder se tornar, numa ameaça gigantesca
para as poucas especies, que ainda resistem.
Peixes e suas principais
características
Os peixes possuem três características que são bem
marcantes e perceptíveis para qualquer ser humano, desde o mais inculto ao mais
graduado, que diz respeito ao fato de sua massa corpórea (carne) ser coberta
por couro, escamas ou cascas (termo popular) e levando em consideração que este
trabalho não visa fazer um apanhado cientifico do rio e sim dá uma visão geral
do mesmo. Nesta parte será exposto o maior número de espécimes dos peixes
possíveis, que existem ou que já existiram no rio, uma vez que possivelmente
muitas espécies já foram extintas sem ao mesmo serem estudas; um exemplo claro
é de um peixinho de escama medindo entre 8 a 15 cm, pesando algo em torno de
150 g, conhecido como boca de ouro, que era encontrado com certa frequência
entre Areias e um local conhecido como viúva poção, que fica
próximo ao Povoado
Canta Galo, no Município de Santa Rita e que há mais de oito (08) anos não é
capturado um só exemplar , segundo pescadores da região, além do fato, de não
ter-se encontrado o seu nome cientifico em nenhum catalogo, pesquisado para a
elaboração desta obra. Por estes motivos, os nomes foram organizados por seu
nome popular e cientifico, neste último caso para facilitar o trabalho de
futuras pesquisas, que venham a ajudar na preservação destes indivíduos; e para
que a leitura fique mais didática os peixes estão catalogados segundo as
características corpóreas supracitadas. Sobre as características dos peixes,
que serão abordadas nos quadros abaixo, vale salutar, que tanto o seu
comprimento, quanto a massa corpórea é dada de maneira aproximada e do tamanho
que são encontrados atualmente.
Vale lembrar que o nome popular varia muito de uma
região para outra, mesmo que seja dentro do mesmo Estado, como exemplo pode-se
citar a Urubarana (Acestrorhynchus
microlepis - Schomburgk, 1841), assim conhecida popularmente pelos
pescadores do Itapecuru, já nas margens do vizinho rio Mearim a mesma é
conhecida como Peixe Cachorro, outro caso é o do Corró (Bunocephalus coracoideus), que no vizinho Mearim é conhecido como reque-reque.
Peixes de couro
Os peixes de couro apresentam um grupo de grande
beleza, muito variado em tamanho, cores e formas; estes habitam as águas mais
profundas de seu habitat, sendo onívoros, porém no que se refere a seus hábitos
alimentares a característica mais marcante é a sua voracidade por presas, que
possuem sangue rico em ferro (vermelho), fazendo-os presas fáceis para os
pescadores, que utilizam anzóis com iscas de minhocas ou as chamadas iscas
vivas (pequenos peixes como: sarapós, cascudos pretos, jejus etc.) para espinheis
(corda com um grande número de anzóis). Sem esquecer é claro do sabor marcante
de sua carne, que é muito apreciada por todos os amantes dos peixes
independentemente da sua forma de preparo.
Peixes de escama
Grupo mais abundantes
de peixes que vivem no “Jardim do Maranhão”, as suas escamas são um atrativo a
parte para os admiradores da biodiversidade; os exemplares a baixo Carabanja
Branca (Geophagus surinamensis –
Bloch, 1791) e o bravo Piau de Vara (Schizodon
vittatus - Valenciennes, 1850) mostram um pouco de todo este esplendor das
cores de suas
NOME POPULAR
|
NOME CIENTÍFICO TAMANHO APROXIMADO
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Anojado
|
Trachelyopterus galeatus - Linnaeus,
1766 – (10 a 12 cm de comprimento – até 100g)
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Bagre
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Hexanematichthys couma -
Valenciennes, 1840 – (50 a 80 cm de comprimento – até 12 kg)
|
Bagre-amarelo
|
Cathorops
spixii – (40 a 60 cm de comprimento – até 8 kg)
|
Caratoí
|
Auchenipterus nuchalis - Spix e
Agassiz, 1829 – (5 a 12 cm de comprimento – até 90g)
|
Bico-de-pato/Tubajara
|
Sorubim lima - Bloch e Schneider, 1801 –
(15 a 25 de comprimento – até 400g)
|
Jandiá
|
Rhamdia quelen - Quay e Gaimard, 1842 – (10 a 25 de comprimento – até 120g)
|
Mandi-açu
|
Pimelodus ornatos - Kner, 1858
– (10 a 25 cm de comprimento – até
500g)
|
Mandi-armado
|
Pimelodus blochii -
Valenciennes, 1840 – (10 a 20 cm de comprimento – até 120g)
|
Mandi Cabeça
de Cavalo /Bico de flor
|
Hassar wilderi - Kindle, 1894 – (8 a 15 cm de
comprimento – até 100g)
|
Mandi-mole
|
Pimelodella cristata - Muller e
Troschel, 1848 – (10 a 20 de comprimento – até 50g)
|
Mandi-sacaca
|
Pimelodus ornatus – (10 a 35 cm de
comprimento – até 300g)
|
Mandubé-pemba
|
Ageneiosus dentatus - Kner, 1858
– (12 a 25 cm de comprimento – até 200g)
|
Mandubé-boca-larga
|
Ageneiosus inermis - Linnaeus,
1766 – (15 a 45 cm de comprimento – até 2kg)
|
Mandi-lírio
|
Hemisorubim platyrhynchos -
Valenciennes, 1840 – (30 a 45 cm de comprimento – até 4kg)
|
Papista
|
Pseudauchenipterus nodosus - Bloch, 1794
– (10 a 15 cm de comprimento – até 150g)
|
Surubim
|
Pseudiplastystoma fasciatum - Linnaeus,
1766 – (50 a 150 cm de comprimento – até 35kg)
|
Escamas. Os peixes
deste grupo ocupam na sua grande maioria as águas que ficam da metade até a
chamada flor d’água, por este motivo os pescadores identificam alguns por serem
tão comuns nesta parte das águas, pois quando os mesmos sobem para se alimentar
já são conhecidos pelo barulho ou até pela forma como a água se movimenta após
a sua aproximação.
No que se refere à
apreciação de sua carne pela população, apenas alguns são dispensados, como
exemplo pode ser citado o Peixe Cachorro (Pterengraulis
atherinoides Linnaeus, 1766), que possui um odor bem característico e
desagradável, além de possuir o corpo infestado por pequenas e perfurantes
espinhas, aliás, estas também são um ponto bem peculiar dos peixes de escamas,
que diferentemente dos de couro e dos de cascas, em que as mesmas estão
inseridas fundamentalmente na região dorsal e torácica, no grupo em tela elas
ocupam toda a extensão de seu corpo. Fato que por vezes causam alguns acidentes
na ingestão destes; requerendo habilidade para trata-los.
NOME POPULAR
|
NOME
CIENTÍFICO – TAMANHO APROXIMADO
|
Boca-de-ouro
|
|
Branquinha-olhuda
|
Curimata
cyprinoides - Linnaeus, 1766 (10 a 20 cm de comprimento – até 250g)
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Branquinha-tapiaca
|
Psectrogaster amazônica - Eigenmann e
Eigenmann, 1889 (10 a 15 cm de comprimento) até 200g)
|
Carambanja-branca
|
Geophagus
surinamensis –
Bloch, 1791 (5 a 8 cm de comprimento – até 50g)
|
Carambanja-bicuda
|
Satanoperca
jurupari –
Heckel, 1840 (5 a 9 cm de comprimento – até 60g)
|
Carambanja-preta
|
Heros severus – Heckel, 1840
- (5 a 7 cm de comprimento – até 50g)
|
Curimatã/Curimatá
|
Prochilodus
sp.- (15
a 30 cm de comprimento – até 3kg)
|
Carcunda
|
Charax
gibbosus
- Linnaeus, 1758 - (10 a 20 cm de comprimento – até 150g -)
|
Cachorra/Peixe-gato/Arangal
|
Cynodon gibbus Spix e
Agassiz, 1829 – (15 a 25 cm de comprimento – até 200g)
|
Cachorra
|
Pterengraulis
atherinoides
Linnaeus, 1766 – (15 a 20 cm de comprimento – até 200g)
|
Camurim-branco
|
Centropomus parallelus – Poey, 1860 -
(20 a 80 cm de comprimento - até 2 kg)
|
Dourada
|
Pelleona
castelnaeana
- Valenciennes, 1847 – (50 a 60 de comprimento – até 4kg)
|
Pacu-mirim
|
Mylossoma sp. - (5 a 10 cm de comprimento – até 80g)
|
Piau de Coco/Cabeça Gorda
|
Leporinus
friderici
- Bloch, 1794 - (15 a 20 cm de comprimento – até 200g)
|
Piau-de-vara/Aracu
|
Schizodon
vittatus
- Valenciennes, 1850 - (20 a 25 cm de comprimento – até 1kg)
|
Piau-sabão/Lalau
|
Crenicichla
lugubris –
Heckel, 1840 – (5 a 12 cm de comprimento – até 80g)
|
Peixe-pedra
|
|
Peixinho-de-mãe d’água
|
Phalloceros caudimaculatus – (3 a 7 cm de
comprimento até 2g)
|
Piaba-branca
|
Hyphessobrycon
copelandi – (5 a 8 cm de comprimento – até 30g)
|
Piaba-rabo-de-Fogo
|
Astyanax
bimaculatus - Linnaeus, 1758 – (5 a 7 cm de comprimento
– até 50g)
|
Piaba-preto-preta
|
Astianax ssp – (5 a 10 cm
de comprimento – até 50g)
|
Piaba-dura
|
Hyphessobrycon
elachys – (5 a 11 de comprimento – até 25g)
|
Piranha-vermelha
|
Pygacentrus
nattereni - Kner,
1860 – (10 a 25 cm de comprimento – até 900g)
|
Piranha-branca
|
Serrasalmus
rhobeus -
Linnaeus, 1766 – (10 a 20 cm de comprimento – até 250 g)
|
Pirambeba
|
Serrasalmus rhombeus – (10 a 22 cm de comprimento
– até 300 g)
|
Pititinga
|
Engraulis encrasiocolus – (3 a 7 cm de
comprimento – até 25 g)
|
Pataca
|
Tetragonopterus argenteus -Cuvier, 1816
– (3 a 10 cm de comprimento – até 20g)
|
Pescada
|
Plagioscion
squamosissimus –
Heckel, 1840 – (20 a 50 cm de comprimento – até 5kg)
|
Pirapema
|
Megalops
atlanticus
- Valenciennes, 1847 – (40 a 60 cm de comprimento – até 4kg nos rios)
|
Jeju
|
Hoplerythrinus
unitaeniatus
- Agassiz, 1829 – (20 a 25 cm de comprimento – até 200g)
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Poraqué
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Electrophorus
electricus –
Linnaeus, 1766 – (50 a 2m de comprimento – até 8kg)
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João-duro
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Steindachnerina
cf. bimaculata
– (5 a 10 cm de comprimento – até 100g)
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Muçum/Piramboia
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Synbranchus
marmoratus –
Bloc, 1795 – (20 a 80 cm de comprimento – até 1 kg)
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Sarapó-catana
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Sternopygus macrurus
–
Bloc e Schneider, 1801 – (10 a 45 cm de comprimento – até 250g)
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Sarapó-cavalo
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Gymnotus
carapo –
Linnaeus, 1758 – (15 a 40 cm de comprimento – até 200g)
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Sarapó-manteiga
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Sardinha
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Triportheus
angulatus
- Spix e Agassiz, 1829 – (10 a 15 cm de comprimento – até 100g)
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Sarapó-rajado
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Gymnotus carapo.- (15 a 50 cm de comprimento
– até 200g)
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Soia/Linguado
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Achirus
achirus –
Linnaeus, 1758 – (12 a 26 cm de comprimento – até 250g)
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Tainha
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Mugil cephalus. – (20 a 40
cm de comprimento – até 200g)
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Traíra
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Hoplias
malabaricus
- Bloch, 1794 – (20 a 30 cm de comprimento – até 1 kg)
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Tubi
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Rhamphicthys
marmoratus –
Castelnau, 1855 – (20 a 70 cm de comprimento – até 2 Kg)
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Urubarana
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Acestrorhynchus
microlepis
- Schomburgk, 1841 – (10 a 20 de comprimento – até 100g)
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Voadeira
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Hemiodus
argenteus
Pellegrin, 1908 – (20 a 25 cm de comprimento – até 200g)
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Peixes
de casca
Os peixes pertencentes
a este grupo de indivíduos possuem o corpo recoberto por pequenas placas
resistentes, que recobrem todo o corpo do ser, e é chamada vulgarmente, por
pescadores e ribeirinhos de casca, uma analogia a casca das
árvores. O material que constitui tais placas é a quitina, o mesmo presente em
unhas e cabelos dos mamíferos. Tal característica deve-se ao fato dos mesmos
habitarem os locais mais profundos dos rios, por isso, as “cascas” têm a função de
proteger o corpo dos peixes da ação poderosa da pressão da água.
Os
olhos dos seres deste grupo possuem tamanho diminuto, uma vez que, por
habitarem regiões mais profundas a luminosidade não chega com tanta facilidade,
dando ao sentido da visão função reduzida. Sua alimentação é constituída basicamente
de material orgânico já em estado avançado de decomposição, pois, os mesmos não
possuem dentes, logo ficam o tempo todo vasculhando a lama e os paredões de
laje (lajeiros) em busca tudo que possa ser ingerido. Abaixo temos a imagem de
um Bodó Acari (Hypostomus cf. plecostomus) e de um Cascudo Serra (Platydoras costatus - Linnaeus, 1766).
NOME POPULAR
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NOME
CIENTIFICO - TAMANHO APROXIMADO
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Bodó-acari
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Hypostomus cf. plecostomus – (10 a 35 cm de
comprimento – até 400g)
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Bodó-coquinho
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Hypoptopoma sp. – (5 a 7 cm
de comprimento – até 30g)
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Bodó-mão-na-cara
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Bodó- cheiroso
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Cascudo-serra
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Platydoras
costatus
- Linnaeus, 1766 – (10 a 20 cm de comprimento – até 200g)
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Cascudo-preto
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Callichthys callichthys - Linnaeus, 1758- (8 a
12 cm de comprimento – até 150g)
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Cascudo - preto-açu ou Branco
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Megalechis
thoracata - (8
a 15 cm de comprimento – até 180g)
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Corró
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Bunocephalus coracoideus - Cope, 1874 – (10 a 15 de comprimento – até 12g)
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Niquinho-gigante
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Corydoras britskii (Nijssen &
Isbrücker, 1983) - (5 a
7,5 cm de comprimento – até 10g)
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Niquinho-mirim
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Corydoras splendens - Castelnau, 1855 (3 a 5
de comprimento – até 8g)
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Viola-barbuda
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Loricaria sp. – (10 a 15 cm
de comprimento – até 70g)
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Viola-bicuda
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Rineloricaria
sp.
– (10 a 20 cm de comprimento – até 80g)
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Viola
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Loricaria sp. – (10 a 30 cm
de comprimento – até 100g)
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O texto
faz parte do livro inédito “Caminhos do Itapecuru” de autoria do professor
Tiago Oliveira
Bom dia.
ResponderExcluirPaz!
Parabéns por seu trabalho e interesse em catalogar as espécies desse que é sem dúvida um dos mais importantes rios de nosso estado.
Gostaria de lhe informar que, o Departamento de Limnologia e Oceanografia da UFMA, na pessoa dos Doutores Ricardo Barbieri e Walter Muedas, estão empenhados em formar o comitê das bacias dos rios pindaré e itapecuru.
No mês de abril foi realizada audiência pública na assembléia legislativa do estado.
Se for do seu interesse, pode estar nos procurando para maiores informações.
Boa noite. Notícia maravilhosa tenho sim interesse. podes me passar o seu contato? já até publiquei um livro sobre. Vou deixar o meu aqui: 98 - 98199-7303.
ExcluirMUITO PROVEITOSO ESSE TEXTO, EM AJUDOU EM MUITO EM UMA PEQUISA. DE JÁ´AGRADEÇO O ESFORÇO.
ResponderExcluirBoa noite. Obrigado
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