Por: Tiago Oliveira
Suas
maiores cheias ocorrem entre os meses de fevereiro e maio e as maiores baixas
entre os meses de agosto e novembro. O seu volume de água começa a ser aferido
em Mirador, onde a média anual fica em torno de 17, 7 m³/s, na última estação
fluviométrica, que fica no Município de Cantanhede a média anual fica em torno
de 209m³/s; o seu recorde histórico catalogado foi, em maio de 1974 com
2.020m³/s e a mínima 36m³/s, em novembro de 1972 (IBGE, novembro de 2006).
Sendo assim, a informação cita o ano de 1974 do século XX como marco de outra
grande cheia, corroborando com o relato de vários pescadores entrevistados. No
entanto, se dermos um salto ainda maior, para os primeiros registros das
grandes enchentes encontramos as citações de (GAYOSO, 1843); GRAFIA DA ÉPOCA –
Quem sabe se acharemos a razão
deste pequeno diluvio, na circunstancia de se haverem abatido os madeiros, que
ficão nessas beiradas cujos os destroços tirando as barreiras o seu necessário
amparo, forão precipitando as arêas no fundo rio, de que se originou o menor
leito, para receber as águas do monte. O que he certo he que desde então
pordiante, o rio se tem feito mais inavegavel, por causa dos muitos secos que
impossibilitão o transito das canoas. No anno de 1788 ou 1789, foi tão
extraordinaria esta afluencia de agoas, que passrão as febres a serem
epidemicas: chegarão muitas cazas de alguns pobres a ficarem sem vivente algum.
O que mais surprendeo nesta calamidade, foi não haver noticias alguma entre os
mais antigos moradores, de ter havido no seu tempo huma tão prodigiosa
enchente, nem tão pouco de haverem ficado allagados algumas cazas, em paragens
baixas. Talvez aqui tenha aparecido os
primeiros sinais da agreção humana ao Itapecuru relacionado as cheias
desodernadas causadas pelas destruição das matas e ocupação irregulares.
Sobre o tema em foco,
Veja o que diz: César Marques em seu Dicionário Histórico e Geográfico da
Provincia do Maranhão, p. 342.
1870 - São Luís. Tipografia Frias .:Emchentes:
Em 1789 houve uma grande enchente
que o Itapecuru chegou a medir duas (02) léguas de largura em alguns pontos; em
1805 ocorreu outra cheia similar a de 1789, desta vez trazendo grande epdemia
para a população ribeirinha. As enchentes começaram a
preocupar, pois com o aumento da população ribeirinha, consequetemente aumentou
as agreções ao rio, por meio da agricultura praticada em suas margens e com a
chegada dos vapores para o escoamento da produção; tanto as secas como as
grandes cheias tornaram-se um problema que começou a ser explorado nos jornais
da época. Por isso, em seguida aparecem a informação de duas grandes enchentes
do Itapecuru a de 1875 e a de 1895. Observe esta matéria. São Luís,
Sexta – Feira, 05 de abril de 1895; Pacotilha.
GRAFIA DA ÉPOCA. Itapecurú –
Escrevem-nos:
A velha cidade de Itapecurú proporciona
a quem a visitou em época de verão e a revê agora. Um espetáculo singular e
imponente, com a enchente do rio que a banha e que, transpondo, os
esbarreiramentos de praia a largura da rua adjacente, chegou a invadir algumas
casas que lhe eram perto. Em dez dias o famoso
rio galgou alturas que se suponha a salvo das suas águas, ainda no inverno o
mais rigoroso e alastrou-se placidamente pela extensão que lhe ficava a margem,
causando nas populações ribeirinhas um susto só comparável ao interesse com
que, desde então se fala no crescimento das águas.
Quem vinha embarcado, saltava nesse
tempo, num pequeno lugar plano, abaixo das barreiras da praia, subia por ela
aproveitando o seu declive, transpunha adiante uma pontezinha de uns quatro
metros de extensão de um metro e meio de largura, com corrimãos de mais de
metro de altura e vencida umas pequenas distâncias em seguida. Estava numa das travessas que
desembocam no rio...
[...] O rio crescendo sempre ia
alargando seu domínio. Aqui e ali estendia, umas pequenas ramificações ou
igarapés como aqui chamam. Invadindo cercados, os quintais e levando a
humanidade a muitas braças de distância, onde, ao pisar-se, reconhecia-se encharcado
o terreno.
[...] Dentro do estabelecimento que é do
bom Velho Domingos Araújo, onde se pois cima d’água, que minando o prédio, o
invadi-o subterraneamente, filtrando a água pelos tijolos. A casa comercial
fronteira do Sr. Manoel Caetano Martins, um benemérito da localidade, está com
as suas portas de frente e laterais fechadas para que o rio não a inunde.
[...] Perto do Caes, em um lugar
fronteiro, umas mulheres pobres que ali tem umas casinhas em que se abrigão –
lavam as roupas; tendo a água a banhar os seus pés.
[...] Em 1875, dizem, subiram tanto as
águas que os vapores entravam pelas travessas e vinham quase á rua que fica
imediatamente paralela a da praia.
O grande jornalista Itapecuruense, Zuzu
Nahuz, também fez registros destas enchentes, já que as mesmas são frequentes todos os anos, ou
mais, ou menos, sendo ordinariamente a sua maior elevação no mês de abril. Lei
sua crônica, abaixo:
Sexta
Feira, 23 de janeiro de 1963 – Página 3. Correio do Nordeste. Crônica de Zuzu
C. Nahuz – A Enchente de 19924.
Como me recordo de março de 1924,
quando o Rio Itapecuru teve uma de suas maiores enchentes.As águas subiram
assustadoramente tomando conta da estação da Estrada de Ferro e, ao lado da
Cidade de Itapecuru até a Rua do Egito. Num domingo a tarde, papai resolveu
levar seus familiares para um passeio de canoa, sob o comando do remador Vitor
Almeida. Saimos as três horas da tarde e como me lembro da hora em que passamos
dentro da estação do trem e que papai levantou a mão tocando a sineta[...]. A seguir temos outro registro de mais dessas interperes, pela
qual o rio Itapecuru e a população necessitada já passou. Domingo, 10 de março
de 1963. página 6. Correio do Nordeste - Rio Itapecuru alaga a São Luís –
Teresina.
Vem causando sérias apreensões no ceio das populações
visinhas, o fato de o Rio Itapecuru, com as últimas chuvas caidas no interior
do Estado, ter subido de nível, a ponto de as suas águas haverem atingido a
Estrada de Ferro São Luís – Teresina, desde o Km 210 até ao Km 216.Com o
crescimento do volume das águas do Itapecuru, ocorreram diversos
desmoronamentos de bareiras e aterros, fazendo com que a superitendência da
REFESA neste Estado tendo adotado a medida extrema de suspender, até ulterior
deliberação, o tráfego dos trens de passageiros e de cargas[...] Tão comum como
as enchentes de grandes proporções é o fato de não haver nenhum estudo
aprofundado sobre o tema, para minimizar os efeitos das próximas que virão,
pois é notório que este caos é causado principalmente pela ação humana, ora
qualquer cidadão com o minimo de consciência e visão de futuro percebe, que o
futuro do do nosso Itapecuru é ser transformado em mais um “Tietê”, isto nas
devidas proporções, porque no que diz respeito a sua utilização pelo homem as
ações são similares. Então é só esperar a próxima enchente e ver o que
acontece. Tão grave quanto as grandes cheias são as secas prolongadas, que já
se tornaram tão comum, que não causa espanto aos menos desavisados, mas vale
lembrar que o Itapecuru é a única, ou a principal fonte de água potável para
boa parte da população maranhense e com a duplicação da captação para abastecer
São Luís o problema vai agravar. Veja esta noticia:
Jornal - A Campanha, 18 de outubro de 1902. Rio
Itapecurú – GRAFIA DA ÉPOCA Continua no rio Itapecurú rigorosa seca, dando
lugar aqui os vapores que fazem a navegação até Caxias, gastem com uma viagem
de ida e volta de 15 a 17 dias.
Atualmente o volume de
água do rio está tão baixo, que até mesmo as pequenas canoas, que são movidas a
motores rabetas, tem dificuldade para vencer os trechos mais secos, já que em
alguns lugares a profundidade não ultrapassa um metro. Por isso, no próximo
tópico deste livro, serão expostos os principais tipos de agressão ao rio.
O texto
faz parte do livro inédito “Caminhos do Itapecuru” de autoria do professor
Tiago Oliveira.
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