Por: Tiago de Oliveira
Localizado
a cerca de 7 km da sede do município de Santa Rita, o Povoado de Areias está situado
na margem esquerda do rio Itapecuru, em uma curva bem acentuada numa pequena
chapada plana e de altitude elevada em relação ao rio, local aconchegante
cercado de igarapés e satubas. O início de sua povoação ainda é incerto,
contudo sabe-se, que o Itapecuru foi o caminho encontrado pelos portugueses
para a colonização do interior do Maranhão por um processo de divisão e fixação
na terra conhecido como: Sesmarias ou Datas, neste aspecto o primeiro sesmeiro
do Itapecuru foi Antônio Muniz Barreiros,
que se instalou, em 1622 na margem deste rio, após a construção do Forte do
Calvário em 1620, no Governo de Bento Maciel Parente; suas terras seriam
localizadas próximas da Foz do Rio; o mesmo instalou os primeiros Engenhos de
Açúcar da região, sendo um deles batizado de Itapecuru, até os dias atuais o
sobrenome “Muniz” é muito comum nas cidades de Rosário e Santa – Rita e nas
povoações ribeirinhas daquela região.
Comunidades ribeirinhas
como Areias surgiram principalmente por este aspecto colonizador. Sobre o
povoado alvo deste trabalho muito já se perdeu do seu aspecto histórico,
contundo, o Almank Administrativo Mercantil e Industrial da Província do Maranhão 1858
a 1868, na parte que trata dos Senhores de engenho d’Açúcar (do
Município de Rosário ao qual Areias era subordinado, antes da emancipação de
Santa Rita), na Página 201 – encontramos o Alferes da 5ª Companhia do Itapecuru
(neste caso se ao rio e não ao município) e Suplente de Delegado João
Francisco de Campos Costa, como proprietário da Fazenda Marlim e Bernardino
José de Cerqueira Fazenda San’ Luiz. Propriedades que poderiam ter dado
início ao povoado Areias devido a sua localização.
Esta suposição fica
evidente no anuncio abaixo onde aparece o nome de Raimundo José de Cerqueira,
como lavrador residente no Lugar Areias no
rio Itapecuru, o anuncio é datado de 1867, sendo este o documento mais antigo,
que faz referência ao povoado encontrado durante estas pesquisas.
Veja este anuncio. O
mesmo tem as seguintes referências: São Luís, terça feira 8 de janeiro de 1867
– Publicador
Maranhense, p. 4.
Os antigos moradores do
Povoado Bacuri, também contribuíram com o início da povoação, já que possuíam
grandes lotes de terra que abrangiam até Areias, como exemplo temos o Sr. Dico
Muniz, filho de Antônio Feliciano Muniz e neto de Joaquim Bernardino Muniz,
este último provavelmente nasceu no Bacuri por volta de 1880 e seus
descendentes até hoje vivem no povoado e região. Areias sempre uma ligação
muito forte também com Santa Filomena, Veja esta matéria – GRAFIA DA ÉPOCA: ROSARIO, 6 – O Sr. Antonio Serra, ex-socio
da fazenda Vale-Quem-Tem, comprou, por oitenta contos de reis, a fazenda Santa
Filomena, do coronel José Leite. Jornal
Diario de S. Luiz, Maranhão, 8 de agosto de 1921. ANNO II-N. 185. Página 2.
No mesmo Almanak
supracitado encontramos o Coronel Fernando Pereira de Castro como administrador
do Povoado São Roque (vizinho a Areias), sendo produtor de Algodão, Arroz e
mais gêneros.
Os dados
históricos expostos abaixo foram coletados em entrevistas feitas com os
seguintes moradores: Raimundo Nicolau Matos, vulgo “Mundaco” nascido em, 10 de
setembro de 1930 na cidade de Teresina – PI; Sendo morador da comunidade desde
1939. Raimundo Nonato Alves (filho de Nemézia Alves e Marcelino de Sousa),
vulgo “Dico Pororoca” nascido em, 14 de setembro de 1955 e nas lembranças
vividas pelo autor deste texto.
Segundo o
primeiro entrevistado, em 1939 Areias época que o mesmo chegou com sua família
para ser morador, a povoação possuía apenas seis (06) casas que eram, a saber:
as de Romão Carvalho, Faustino, Elpídio, Luís Rodrigues, Maria Cerqueira (esta
era parente dos Cerqueira já citados) e Luís Sabába, isto no local em que a
comunidade se encontra atualmente, pois havia ainda moradores próximos à fazenda
São Luís (citada acima no Almanaque) dos pais de Maria Cerqueira
(onde funcionou o antigo projeto, na beira do rio acima do pontão) e na antiga
Fazenda Marlim (citada acima no Almanaque) de propriedade de Candida
Sousa e José Venâncio (na beira do rio um pouco abaixo de onde se encontra
atualmente, a estação de tratamento da CAEMA). Mundaco conta, que o número de
moradores era tão pequeno, que seu pai ao amanhecer sabia se alguém havia
passado para a beira do rio, apenas pela inclinação dos capins do caminho do
rio, já que sua residência atual é exatamente no mesmo lugar onde sua família
se instalou nos anos trinta (30).
Nesta época a
comunidade ainda era cercada por vegetação densa e praticamente intocada, sendo
rica em caças de toda a variedade, os igarapés abundantes em peixes juntamente
com o rio e o clima mais ameno, do que atualmente. Povoados, que existiam
próximos a Areias em 1939: Porto Alegre, Bacuri, Peroaba, São Roque, Santa
Filomena, Caremas e na sede do Município havia, apenas duas (02) casas. A
ligação com esses povoados era feita quase que exclusivamente pelo rio, a
exceção ficava por conta do Bacuri onde um imenso manguezal ligava as duas
comunidades e com Caremas, pelo Caminho do Babu (este caminho passaria por trás
da casa do sr. José Calazam na atual grameira e receberia este nome em
homenagem a um morador local), que não existe mais; vale lembra que a estrada
que liga atualmente os dois povoados foi aberta inicialmente por José Grosso e
Romão de Carvalho.
A grande família
Alves em Areias ainda guarda o mistério do seu primeiro representante naquele
torrão, no entanto sabe-se, que: Francisco Alves e Sevina Alves foram os pais
de Nemézia Alves, que por sua vez é de mãe de José Alves, Ilza Alves, Benedita
Alves, Patrício Alves, Edite Alves, Sebastiana Alves, Domingas Alves e Raimundo
Nonato Alves.
Em 1920 a
Ferrovia São Luís – Teresina foi finalmente inaugurada, após vinte anos de
espera e neste período, devido à proximidade da mesma com comunidade em foco,
muitos trabalhadores, viajantes e comerciantes começaram a aparecer e a fixar
residência tornando-se mais intenso a partir dos anos 30, desta época pode-se
ser citado um grupo de paraibanos que são, a saber: Felix de Sousa, José de
Sousa, João de Sousa e Marcelino de Sousa (vulgo “Bate Banha” pai de Dico de
Nemézia). Outra contribuição significativa para o aumento população da
comunidade foi da Fazenda Ypioca, que trouxe alguns cearenses para a região,
tais como: Aprígio, José Maria, Cassaco, Seu Nê, Cassaco, Expedito.
No
final da década de 90 do século XX a população já havia crescido
consideravelmente e a comunidade já possui aproximadamente cento e dez (110)
casas, distribuídas em seis (06) ruas, que eram: Rua Grande, Rua do Sol, Rua da
Estrada Nova, Rua do Campo, Rua de Benedito Cafuné e Rua de José Piauí e se
considerarmos, que nos anos 90 a média de moradores nas residências brasileiras
era de 05 pessoas, residiria na comunidade aproximadamente 600 pessoas, número
que atualmente poderá ser superior a 1.000 uma vez que o número de moradias
aumentou consideravelmente.
ASPECTOS
GERAIS
Campo de Futebol: este
espaço surgiu inicialmente nos anos cinquenta (40) do século XX (Dico Muniz
nascido em 1937 afirma, que quando começou a jogar parte do campo já existia) e
é responsável pelo esporte tradicional da povoação, celeiro de vários moradores
habilidosos, tais como: Leônidas (Leonda), Graciliano (Nango), Miguel (Coro
Azul), Raimundo (Dico de Nemézia), Waldir (Manguá), Zandonaide (Pelado),
Clodoaldo (Aldo), Nonato (Nato Branco), Gilson, Vicente, Dico Muniz...
Casas: as primeiras casas de
tijolos foram as de José de Jorge e Delmiro, prevalecendo assim às moradias de
taipa, mas a partir dos anos 80 as moradias começaram a ser substituídas por
construções mais aprimoradas, ou seja, de alvenaria.
Cerâmica:
por
volta dos anos quarenta havia na região da estrada nova, entre os igarapés do
marajá e da ponte, uma pequena cerâmica, que produzia tijolos de quatro (04)
furos para toda a região, desta ainda pode ser encontrado alguns buracos às
margens da estrada vicinal.
- Transporte: o
meio de transporte precursor da povoação foi à canoa, seguido dos animais de
montaria e os vapores que subiam o Rio Itapecuru, posteriormente surgiu a
Estrada de Ferro São Luís – Teresina, que passa a cerca de 2 km da comunidade,
que utilizava as estações de Caremas ou da Peroaba, isto ocorreu até 1991,
quando a ferrovia ainda tinha tal finalidade. Tais fatos ajudaram a aumentar a
população, por sua localização a comunidade, se tornou rota de passagem das
mercadorias; vale lembrar, que antes da construção da estrada vicinal entre o
Povoado Porto Alegre e São Tiago a produção, daquela região vinha nas costas
dos animais até o Porto da Santa Rosa, tendo como comerciantes desta região
Patrício Alves (Sarney), José Alves, Delmiro etc. E do porto supracitado as
mercadorias eram transportadas por canoas de Mundaco até o porto de Areias, de
onde seguiam para Caremas aos cuidados do Tropeiro, Jorge Carvalho – filho de
Romão de Carvalho, pai José de Jorge (pai de Xavier, Denilson, Neneca,
Teteque...) ; de lá as mesmas seguiam principalmente para São Luís. Os
principais gêneros transportados neste caminho de ida: Arroz, Algodão, Milho,
Farinha, Babaçu e vinda: Tecidos, Roupas, Vinhos, Açúcar, Sabão etc.
Por volta dos
anos 60 do século passado “Pitoca” Carvalho abriu as estrada vicinal entre
Porto Alegre e São Tiago, iniciando uma nova rota de transporte das mercadorias
e fazendo surgir à figura dos atravessadores do rio entre Areias e Porto Alegre,
que tinha como responsável a família do Sr. Martimiano. No princípio dos anos
2.000 surgiu primeira o Pontão de propriedade privada, que posteriormente veio
a se transformar em um serviço público da Prefeitura Municipal de Santa Rita.
Vale lembrar que há três anos encontra-se em construção uma ponte sobre o rio
Itapecuru.
O Cais da Cit:
abaixo da foz do Igarapé da Água Fria, pode ser visto uma estrutura antiga e
enferrujada de um velho guindaste, que servia para retirar coco-babaçu, das
canoas, que era transportado até Caremas onde era transformado em óleo, sabão
etc. neste período os moradores presenciaram a chegada do primeiro carro na
comunidade um Caminhão Chevrolet dirigido pelo senhor José Pernambuco, isto
ocorreu nos primeiros anos da década de 70 do século anterior.
As festas: Dico
Muniz filho de Antônio Feliciano Muniz e neto de Joaquim Bernardino Muniz,
nascido no Povoado Bacuri, em 1937 conta que quando tinha entre 10 e 15 anos se
dirigia até ao Povoado Caremas para buscar o Padre Dourado que vinha no trem de
Rosário para celebrar as missas da novena de São Sebastião no mês de janeiro,
organizada por Afolonizio de Matos (pai de Mundaco, mordomo da festa). As
celebrações aconteciam no mesmo lugar em que se encontra a atual Igreja de São
Sebastião, contudo a mesma era de taipa; com a morte do mordomo a mesma entrou
em extinção. Tempos depois o morador Filomeno Martins começou a realizar outro
festejo em homenagem ao mesmo santo, entretanto não seguindo mais o calendário
católico e sim a data de seu aniversário.
O
tão famoso carnaval de Areias acontece desde os primórdios do século XX, porém
o que foi coletado com os moradores entrevistados para este trabalho é que ao
lado da casa do Sr. Graciliano (Nango, pai de Aldo, Ronaldo...) existia um
Barracão do Sr. Raimundo Carneiro (Piauiense erradicado na comunidade) onde
aconteciam os bailes de carnaval. Entre as décadas de 60 e 70 surgiram os
primeiros blocos de rua, as escolas de samba entre os anos 80 e 90, deste
último caso pode ser citado curiosamente, que em 1993, por conta de
divergências políticas, financeiras e familiares saíram pelas ruas de Areias as
Escolas Flor do Samba e Rei do Samba. Vale lembrar do Bloco da Zebra, que tinha
como figura central um macaco, que andava pelas ruas pedindo oferendas.
Ferreiros:
os
mais conhecidos Benedito Cafuné e o senhor Xingu que infelizmente já nos
deixaram.
Casas de Forno: não
tem como esquecer deste capítulo tão peculiar e comum da “Bela Areias”, quantas
conversas, amizades e namoros surgiram nestes locais onde anteriormente
famílias inteiras se reuniam para trabalhar por semanas inteiras produzindo a
melhor “Farinha de Mandioca Puba” do Maranhão, as mais conhecidas: as de José
de Jorge, Mundaco, Dico Muniz, Bidico, Zé Bubu, Reinaldo etc.
Televisores: quantas vezes
presenciei e fui um telespectador na janela de alguns vizinhos em Areias, pois entre
o final dos anos 90 e início do século XXI poucas pessoas possuíam este
aparelho em suas casas, por isso era muito comum na hora dos desenhos da manhã
e das novelas da noite observar muitas pessoas amontoadas nas salas, janelas e
portas dos proprietários destes aparelhos, mas nenhum televisor foi mais famoso
do que o de Dona Elza (mãe de Dico Moraes) uma das poucas em cores daquela
época e provavelmente a primeira, em frente desta principalmente nos dias de
jogos da Seleção Brasileira de Futebol aglomerava-se grande número de
televizinhos.
Comércio:
nos primórdios não existiam na comunidade, as compras eram feitas em Caremas,
São Luís ou nos vapores que atracavam no Porto de Romão Carvalho (onde reside
atualmente o Vereador Patrício Muniz), que tinha como acesso um caminho que
passava atrás da atual casa de Leonidas. Os vapores mais conhecidos desta época:
São Pedro, São Salvador e o Gaiola. Anos depois apareceu o primeiro comércio de
propriedade do senhor Abel Bezerra (e o do próprio Romão Carvalho), onde hoje se
localiza a casa do senhor Filomeno. Entre os anos 90 e início do século XXI
destacavam-se os comércios de: Sevino Cearense, Martimiano “Bute” (onde hoje é
o comércio de Eliene, Antônio de Filomeno (onde hoje é o comércio de Berrer),
Dico Moraes, Zeca de Crispina, Eliene e Tunico.
Igreja:
a primeira capela foi no local da atual Igreja de São Sebastião, feita de
taipa na década de 40 do século XX em homenagem ao mesmo padroeiro São
Sebastião, por volta dos anos 50 começou a ser construída a atual, que só foi
finalizada por volta dos anos 70, sendo que o primeiro padre a realizar missa
na Capela foi o Monsenhor Dourado, que antes realizava as mesmas na Casa de
Romão Carvalho.
Mercado:
o mais comum antigamente era os moradores abaterem porcos e o gado bovino
em seus quintas, onde em seguida eram vendidos o atual mercado só veio surgir
nos anos 80 do século XX.
Colégio:
o primeiro Colégio surgiu na década de 40 do século XX e localizava-se onde
hoje é a casa de Wilson de Filomeno, tendo como primeiro professor o atualmente
imortal da Academia Itapecuruense de Letras, Ciências e Artes (AICLA) Manfredo
Viana (vindo de Itapecuru Mirim), sendo substituído por Maria de Jesus (também
de Itapecuru Mirim, sendo esta a mãe da esposa do senhor Bodinho), sendo
subsistida posteriormente por José dos Reis Carvalho (nascido em Areias e filho
de Romão Carvalho), que morava em frente ao colégio atual, que foi substituído
por Celina Carvalho (sua filha) o atual colégio foi inaugurado antes de Santa
Rita ser emancipada, ainda na gestão do Prefeito de Rosário Bernardo Tiago de
Matos (os moradores mais antigos contam que as pedras da fundação do colégio e
da ponte de cimento da Água Fria foram retiradas das ruínas da Fazenda Marlim).
Professores da década de 90, Ana de Babau, Joanete e Inês.
- Energia Elétrica: até
os tempos atuais existe um pequeno prédio construído bem de canto na descida do
pontão, construído na década de 60, este abrigava o Motor a Diesel, que era
ligado às 18 h e desligado às 22h e 30 min, que servia a comunidade com energia
elétrica. O funcionário responsável era o senhor Raimundo (Mocinho), que vinha
e voltava todos os dias de Santa Rita para tal missão primeiramente a pé ou a
cavalo, depois o mesmo recebeu uma bicicleta da prefeitura para executar tal
tarefa. A energia da CEMAR só chegou à comunidade no final da década de 70.
- Cemitério: a
comunidade possuía dois (02) cemitérios desde o início do século XX, o atual
batizado de Santa Maria, que serve a comunidade e região e outro conhecido como
Santo Antônio, que se localizava junto à foz do Igarapé da Água Fria, mas que
foi levado pelas águas do Rio Itapecuru em duas grandes enchentes as de 1964 e
1974 do século XX.
- Parteiras: antes
mesmo de Santa Rita ser elevada a categoria de cidade e possuir médicos
disponíveis, os partos eram feitos por parteiras leigas, as mais conhecidas e
que atendiam a toda região foram: Silvina Alves e Diolinda.
Ponte
da Água Fria: esta ponte facilitou muito o acesso da comunidade com Caremas
e posteriormente com a sede do Município de Santa Rita, a mesma foi construída
na década de 50 do século XX, na gestão do Prefeito de Rosário Bernado Thiago
de Mattos, momento anterior à emancipação de Santa Rita. Vale lembrar que o
citado Prefeito desempenhou boas administrações por onde passou e por tal fato
foi homenageado pela Academia Itapecuruense de Letras, Ciências e Artes
(AICLA), Cadeira nº38, tendo como membro fundador Tiago de Oliveira Ferreira.
Telefonia: entre o final
dos anos 80 e início dos 90 do século passado a comunidade viu chegar os
primeiros telefones de linha, tendo como pioneiros os moradores Sebastião e
Delmiro. Em 1998 do mesmo século o Governo Federal difundiu bastante a
telefonia por meio de orelhões públicos e a comunidade recebeu aproximadamente
oito (08), atualmente estão praticamente em desuso, pois a telefonia móvel
(celular) aumentou muito, a partir de 2006.
Fontes:
mesmo depois que a CAEMA se instalou na comunidade, os moradores até a
década de 90 do século XX, tinha como hábito utilizá-las para banhar, retirar
água para cozinhar, banhar e beber; era comum a qualquer morador quando se
aproximava de alguma destas fontes proferirem gritos (OIIII!!!!!) para saber se
tinha alguém caso houvesse esperava aquela pessoa sair, mandar descer ou do
contrário ia procurar outra fonte, as mais utilizadas eram as de: Benedita,
Elza, Dico Muniz, Santana, José de Jorge, Zé Bubu, Piloto, Benedito Cafuné,
José Raimundo etc. próximo a estas fontes sempre encontrávamos deliciosas
mangas vinhadas que eram um capítulo a parte.
Igarapés: os
mais utilizados pela comunidade para pescar e banhar: Igarapé da Ponte, Marajá,
Água Fria (estes estão sendo destruídos por barragens irregulares de
psiculturas) , Taquipé, Carema, Nambucuim, Andirobal etc.
Mangueira de Boto:
essa sem dúvida foi por muito tempo à mangueira mais famosa de Areias, todos os
moradores a conheciam, eu sempre passava por baixo da mesma quando me dirigia
ao rio para pescar. Esta recebeu este nome em virtude de um Sr. conhecido como
Raimundo Boto, marido de Inhapê Alves (irmã de Nemézia Alves) morar próximo a
ela.
Pisciculturas: a
mais antiga da comunidade foi fundada por volta de 1995 pelo Sr. João Tambaqui,
atualmente a comunidade é um dos maiores polos no Estado de produção de
alevinos de tambaquis, tambacus, tilapias etc.
Balneário de Areias:
os moradores da comunidade há tempos utiliza este local como diversão, porém
foi com a instalação de um flutuante entre o final e o início dos anos 80 e 90
do século, que este local começou a receber mais pessoas inclusive da sede do
município. Paralelamente existiam outros bares na margem do rio, no início da
primeira década do século XX foi construía uma pequena barreira de proteção
para dar sustentação às barreiras. Atualmente durante os meses de estiagem a
localidade recebe muitas turistas, que vem em busca das águas do Itapecuru para
se refrescarem do calor.
Contudo,
falta ainda segurança contra afogamentos, brigas e um tratamento adequado ao
lixo produzido, que é jogado a revelia ou no Rio ou em suas margens.
FIGURAS SIMPLÓRIAS DE
AREIAS
Não
tem como fazer um texto histórico deste povoado e não falar de seus moradores
mais peculiares que conheci, tipos humanos que dificilmente são encontrados por
aí. Obs.: abaixo não sigo qualquer regra histórica, crítica, alfabética etc. Apenas,
faço referência aos curiosos tipos que tive o prazer de conhecer e conviver e
quanto aos parentes destas pessoas, apesar de vivermos em um País com liberdade
de expressão, antecipo meus pedidos de desculpas por algo exposto aqui e
convido-os a fazer uma boa leitura e reviver essas histórias.
Firmina:
figura marcante nos jogos de futebol em que os times de Areias participavam,
tanto na comunidade como em outras, momento em que a mesma colocava a venda os
seus deliciosos picolés de coco, abacate, bolacha etc (só perdia a calma quando
alguém lhe pedia um picolé de abobora). Em frente de sua porta existiu por
muitos anos uma agradável bancada, que era protegida por uma pequena árvore,
local agradável; onde sempre era possível ver alguém sozinho em grupo para
longas conversas e namoros.
José
Bezerra: marido de Firmina paciente e brincalhão nunca
presenciei bravo, sua frase preferida “ora não, nego”.
Neto de Antônio José: conhecedor
de todos os moradores de Areias, principalmente por que tem o hábito de
comparar as pessoas e, por conseguinte, dar respostas engraçadas.
Benedito
(Bil) de Antônio José: carinhoso com todos que encontra, porém sua maior
característica é ser apaixonado pela Xuxa.
Mundaco: está
sempre informado dos eventos que acontecem na comunidade, sorridente e boa
gente, tem hábito de servir sempre quem o procura, além de ter ajudado a criar
muitas crianças da comunidade é padrinho de aproximadamente 60 pessoas, tanto
da comunidade como das vizinhas.
Dico
de Nemézia: parceiro de pescaria com Bidico no rio
Itapecuru, mas o que lhe diferencia de seus conterrâneos são as suas mudanças,
dificilmente passou dois anos fora de sua comunidade, suas idas e vindas já
ultrapassaram a casa das vinte vezes.
Manguá:
o menino mais temido por todos que viveu o início dos anos 90 em Areias,
ninguém sabia sua idade, este desafiava a todos e quando alguém resolvia
enfrentá-lo, quase sempre apanhava, o mesmo era bom em todas as brincadeiras
que existia na época: bola, peão de coco-babaçu, peteca (na borroca ou
turistis), castanha no triangulo etc.
HOMENAGEM PÓSTUMA
Bringo: figura
esguia, alta, tímida e de boa aparência, bom de conversa, mas já não tinha o
hábito de banhar, isto na sua velhice, por possivelmente sofre de depressão ou
algum tipo de esquizofrenia; contudo, era um exímio fabricante de redes e
tarrafas de pesca era comum lhe avistar por quase todo o dia em frente a sua
casa, da de Firmina ou comércio de Bute tecendo.
Coro
Azul: irmão de Bringo, alegre todo o sempre, gostava de contar piadas e
tirar sarro dos outros, até mesmo de sua característica mais peculiar a extrema
magreza, que lhe conferia o apelido, sempre tinha uma resposta engraçada para
tudo.
Zifirino: morador
da rua do campo gostava de tomar uma pinga e ao retornar à tarde para sua casa,
geralmente o povo já estava no campo para jogar bola, neste momento alguns mais
“atentados”, o apelidava de “Quiabo Duro” ou “Teso”, este ficava muito bravo e
passava horas proferindo palavrões à beira do campo.
Dona Eliza: vendia
um delicioso mingau de milho aos domingos em frente ao mercado, dividia a
atenção com a mesa de caipira de Chico Onça e os vendedores de carne do
mercado, Eliza sempre contava com a presença de seu filho Mateus.
Nhô: nunca
percebi este senhor bravo com alguém, estava sempre sorrindo era famoso por
seus mais variados apelidos, pacato, gato guerreiro etc. Este era um exímio
cortador de carne e geralmente matava os bois em seu próprio quintal.
José: este
morador segundo alguns piadistas como Aldo, Gilson e Nato de Lenira possuía
mais de cem (100) apelidos relativos ao seu hábito de olhar as mulheres nuas
nas fontes, tais como: frango d’água, limo de tabua, peixinho de mãe d’água,
bomba sapo, além do mais conhecido Zé Buceta etc.
Dico Moraes: vivia
a andar pela comunidade com uma camisa nos ombros, uma calça com as pernas
levantadas uma mais alta do que a outra, além de gostar de apelidar os outros.
Bico Dobra e Maria Tibuça: este
casal ficou muito famoso por ter sido homenageado nos versos do Juda, lidos por
Zaco em 1996, que batizou os mesmos como o casal mais feio de Areias. Era algo
assim: - Fui caçar, atirei num calango, acertei numa cobra, o casal mais de
Areias é Tibuça e Bico Dobra.
Dona Elza: mulher
muito bonita, que nem mesmo a idade conseguia esconder, mais talvez a sua maior
peculiaridade ficasse por conta do seu famoso televisor em cores, que reunia
muitas pessoas sentadas no chão da sua sala, principalmente nos dias de jogos
da seleção brasileira.
Antônio de Zaza: sofria
de esquizofrenia e alcoolismo, porém era um alfaiate de mão cheia, além de
muito culto nos seus momentos de calmaria, mas nos seus delírios passa horas e
horas enfiando linha em tubos fictícios ao andar pelas ruas.
Raimundo Alfaiate: figura
muito magra, dono de um bar famoso nos anos 80 e 90 do século XX, além de
exercer a profissão, que lhe conferiu tal alcunha.
Codó: gostava
de ficar sentada em frente a sua porta pela manhã e ao entardecer, pois gostava
de conversar, já estava de cabelos bem branquinhos, só perdia a calma quando
alguém a chamava de Palmeirão, ai era palavrão para todo lado.
Crispina: passava
horas a fio sentada debaixo de uma mangueira que havia em frente à casa de
Martinha, quando eu retornava do colégio em Caremas juntamente com seu neto,
Dijalma “Bijoca” ela sempre perguntava – Não teve colégio hoje? E nós sempre
sorriamos.
Zeca de Crispina: comerciante
gentil e alegre, mas eu particularmente gostava de vê-lo bravo por conta do
hábito que o mesmo tinha de ranger os dentes e gesticular com as mãos.
Zaco: conversador
por natureza era um exímio imitador do canto dos pássaros e dos sons das caças,
figura marcante na leitura dos versos do juda, que ficava no poste da casa de
Nango.
O Índio Batista: dificilmente
falava com alguém nos momentos em que se encontrava sóbrio, quando estava
alcoolizado proferia que recebia vários encantados.
Pedro Balera: baixinho
e sempre alegre gostava de fazer rimas sem sentido, com qualquer pessoa que lhe
oferece atenção, além de cantar notas musicas numa folha.
Merita: despertava
medo na maioria das crianças da época, contudo não fazia mal a ninguém, vivia a
andar pela rua, sempre calada, mas era muito dedicada ao serviço fazia sozinha
pequenas roças às margens do caminho da estrada ferro. Supostamente a mesma era
esquizofrênica.
Buti: dono
de uma barriga bem redonda tinha sorriso fácil principalmente com as crianças que
chegavam ao seu comércio, momento que tratava quase todas de bregueço.
Martinha: dificilmente
aprecia na rua, até mesmo sua voz era rara ouvir, a não ser que alguém a
chamasse de Pé de Cachopa, pois ela ficava brava ou se mesma gritasse: -
Clodoaldo.
HOMENAGEM PÓSTUMA – ESPECIAL
Domingos Djalma Filho “Bijoca”: quando
criança vivia brigando com Walber “Lobato”, tinha sempre uma resposta direta
para tudo e por isso não tinha muitos amigos, quando chegou à adolescência
ficou mais discreto neste aspecto. Foi
meu amigo de viagem para o colégio em Caremas, entre os anos de 95 e 96 tanto a
pé, ou quando revezávamos nossas velhas bicicletas.
Walber “Lobato”: meu
irmão de criação e como Djalma nos deixou cedo e vitimado pelo mesmo motivo. Os
dois devem estar se divertindo juntos em outro plano melhor do que esse.
José Raimundo: quando
criança era muito mimado, não tinha habilidade alguma com a bola, mas sempre
possuía uma, sempre jogava; mas quando se retirava falava – Vou levar minha
bola. Nos primórdios do século XX, juntamente com Gelson, Benedito e Xavier
íamos juntos para Santa Rita na época do ensino médio.
Gelson: alegre
e bonachão nos deixou precocemente por este mal (alcoolismo), que assola até
uma comunidade pequena como Areias.
José Alves: tinha
ares de fidalgo, andava sempre bem vestido, um homem do mundo.
Patrício Sarney: político
apaixonado sonhava em ser vereador, era muito acolhedor e hospitaleiro em sua
residência.
Sebastiana Alves: mulher
guerreira criou seus filhos sozinha, gostava de vê-la pescar no igarapé do
marajá, pois sabia exatamente o momento de ir, dava belas visgadas de anzol,
trazia sempre o cofo cheio de traíras.
Apesar de não conhecer pessoalmente tenho muita vontade de conhecer
ResponderExcluirVisite um dia, tem uns vídeos no meu canal do yuotube: tiago itapecuru
ExcluirGostaria de saber o nome da empresa de eletricidade nos anos 80 em santa rita
ResponderExcluirBoa noite, nesta época década de 80 Santa Rita já era cidade, então era a CEMAR
ResponderExcluir