segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

JOÃO RODRIGUES

             

Por: Jucey Santana
Advogado, Professor, jornalista e político João da Silva Rodrigues  nasceu em Cantanhede, na época  pertencente ao  município de Itapecuru Mirim, em  24 de junho de 1901. Era  filho de Antônio Rodrigues e Florinda Silva Rodrigues.  Na intimidade era  conhecido por   Sinhô pelos familiares e amigos de infância. Após o falecimento do pai, passou a ser criado  pelo casal  Paulo Antônio Simão e Celina Rodrigues Simão,  integrando-se desde muito novo nos movimentos culturais de Cantanhede e Itapecuru Mirim.            Fez o Científico no Liceu Maranhense e ingressou na Faculdade de Farmácia onde cursou até o segundo ano. Interrompeu os estudos para  ingressar  no Exército Brasileiro, chegando  a Segundo Sargento, tendo sido condecorado por bravura pela sua participação na  Revolução Paulista de 1932.        

                            Professor e Jornalista

Ainda na mocidade, entre os anos de 1919 e 1921, foi membro correspondente da Revista Maranhense, em Cantanhede, dirigindo a agência local enquanto seu colega Manfredo Viana era o representante da agência em  Itapecuru Mirim, da renomada revista literária
 Em  de 1935 assumiu a direção do Instituto Rio Branco, colégio  fundado pelo professor   Newton de Carvalho Neves em  2 de abril de 1926.  A escolha de João Rodrigues para  dirigir a  escola, deu-se pelo fato de já ser professor da instituição e dos reconhecidos valores educacionais e culturais que  era possuidor.  O Instituto funcionou até o ano de 1948, já combalido por dificuldade de ordem financeira, em face de ter perdido a subvenção do Estado.
. Em dezembro de 1935  João Rodrigues fundou o jornal “A Gazeta”.   Por ser um órgão noticioso e político, foi muito perseguido  tendo que encerrar suas atividades  no final de 1936. Em maio de 1938, depois que foi absolvido de todas as acusações, o jornalista reabriu  “A Gazeta    com nova roupagem, novas seções, dando ênfase à instrução, lavoura e pecuária, porém, mantendo a característica inicial de órgão  independente.
 Em 1939 encerrou definitivamente as atividades do jornal,  com o estabelecimento do Estado Novo, que implantou novas regras de censura aos meios de comunicações. Em dezembro de 1946 começa a circular o novo jornal de João Rodrigues, o “Trabalhista”, que circulou até o ano de 1952.  Fez jornalismo sério, que até os oposicionistas o admiravam. 

João Rodrigues, o Político.

Foi político atuante contra a ditadura e desmandos do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas, através do jornal Trabalhista.  Em 1947 quando eram dados os primeiros passos para a redemocratização do país,  João Rodrigues se lançou candidato a vereador, pelo partido PTB,  sendo eleito em dezembro.  Foi  combativo, contra  más administrações  e a inércia do Poder Público  . Enfrentou  árdua luta, contra a oposição.   Em 7 de agosto de 1950 renunciou ao mandato de vereador para candidatar-se à Prefeitura, tendo  Luís Bandeira de Melo como seu vice, contra a chapa de Felício Cassas e  Paulo Guilherme Rodrigues. Nas eleições de  3 de outubro de 1950 saiu vitorioso no pleito porém,  não tomou posse no  dia 31 de janeiro de 1951 por força de um mandado de segurança impetrado pelo advogado do grupo governista, José Bento Neves, (filho de Newton Neves),  que  impugnou  o pleito, alegando  irregularidades nas seções eleitorais de Cantanhede e Cachimbos.
O Tribunal Regional Eleitoral determinou eleições suplementares nas duas seções, o que ocorreu somente no segundo semestre de 1952, confirmando o favoritismo de João Rodrigues. Durante um ano e nove meses que durou o processo da eleição passaram pela Prefeitura cinco gestores: Abdalla Buzar Neto, Luís Gonzaga Bandeira de Melo, Caetano Martins Jorge (juiz de Direito), Paulo Guilherme Rodrigues e Orlando Mota.
Em 17 de setembro de 1952, João Rodrigues foi diplomado prefeito de Itapecuru Mirim pelo Tribunal Regional Eleitoral,  e em 16 de outubro tomou posse como prefeito. Administrou Itapecuru Mirim em duas  gestões: de 1952 a 1956 e de 1966 a 1970 com  relevantes serviços prestados ao município.
Como Prefeito,  construiu as praças  de Santa Cruz e Gonçalves Dias, dotando-as de calçamento e de jardinagem. Foi responsável por construções e reforma de muitos colégios. Construiu a Escola  Mariana Luz, (1970) e o Clube das Mães (1968).  Idealizou um  Plano Diretor de Urbanização e Embelezamento da  cidade.  Fez mais de 4.000 metros quadrados de calçamento e 3.000 metros quadrados de revestimento primário nos principais logradouros da cidade; construiu estradas e grande número de pontes e ruas.
Vale citar o trecho de  uma correspondência enviada a João Rodrigues pelo jornalista itapecuruense Zuzu Nahuz, por ocasião da posse como prefeito:

Sei que minha terra deve estar agora iluminada pelo novo Sol, a espalhar os raios sobre as campinas verdejantes do Luís Antônio, do Morro do Diogo e da Casa Queimada. Cabe a você, meu caro  João Rodrigues, levantar a nossa Itapecuru, que dormita, há quase três séculos, à margem do rio cujo marulhar  das águas embalou os nossos primeiros sonhos (...). Você precisa olhar com  clemência a velha e legendária cidade dos jesuítas (...). Que possamos dentro de pouco tempo, dizer que João Rodrigues trabalhou igualmente a Bernardo Thiago de Matos e Miguel Fiquene... (O Combate, 25.10.1952).

 Casou-se em 10 de março de 1931, em Cantanhede, com Alice Brenha Rodrigues com quem teve os seguintes filhos: Maria de Galileia, Wagner, Antônio Olívio, Marlene, Ieda, Florise, Florinda, Raimunda Nonata, Carlos Magno e Elza Maria.
          Ficando viúvo, contraiu novas núpcias com Maria Lenice Serra Rodrigues. Desta união nasceram dois filhos: Carlos Alberto e Maria Elza
João  Rodrigues era modesto e simples por índole. Completamente avesso a  ostentações.  Lembrá-lo é ter sempre em mente padrões de honestidade e honradez.
Após se aposentar, pela Ordem dos Advogados do Brasil, fixou residência em São Luís, onde faleceu em 4 de dezembro de 1973.
João  da Silva Rodrigues, é patrono da cadeira 18 da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA. 


         

4 comentários:

  1. Fiz aulas para o exame de admissão ao ginásio, em 1959, com o Professor João Rodrigues.
    Parabéns, Jucey, por mais este resgate da memória itapecuruense"

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  2. Obrigada confreira Benedita Azevedo. Sinto-me honrada com o seu comentário. Agradeço também os familiares do professor João Rodrigues pela recepção calorosa ao texto biográfico grande mestre.

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  3. PARABENS Dra. Jucey...é lindo rever a história da Linda Cidade de Itapecuru Mirim...👏👏👏👏👏👏parabens ao prefeito Joāo Rodrigues...

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  4. Prezado Jucey Santana, obrigado pelo colocado da vida política e profissional de nosso pai João da Silva Rodrigues, apreciaria que fosse incluido o nome de Getúlio Brenha Rodrigues filho de João e Alice Brenha Rodrigues o que agradeço.

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