Por: Tiago de Oliveira
Localizado a aproximadamente 35 km
da sede do município de Itapecuru Mirim, seguindo a estrada vicinal que leva ao
Povoado Tingidor o viajante ao chegar ao Cemitério conhecido como Campo da
Cruz, deixará a mesma e seguirá a direita, após passar pelo Povoado São
Sebastião; encontrará encravado em uma bela região de pequenos morros, belas
matas e igarapés o Povoado Buragi. Nome proveniente do Tupi-Guarani, que
segundo a tradição oral significa: árvore ou pau de embiras (fibras derivadas
da casca de árvores, que são utilizadas para fabricação principalmente de
cordas e redes). O buragizeiro é uma
espécie típica das matas de transição do norte maranhense. A povoação tem sua
origem ainda no período imperial nos primeiros anos do século XIX, tendo como
donatário o português Xavier Mendes (não foi possível localizar a sua carta de
sesmaria), que deixou muitos descendentes de origem negra na região, por isso é
bastante comum o sobrenome “Mendes” no entorno do povoado e até mesmo na sede
do Município de Itapecuru Mirim.
Segundo o professor e empresário
Domingues Leandro Da C. Mendes, que é filho da povoação em tela, o local foi
palco de grandes embates durante a Balaiada e estes embates acabaram por nomear
outra, localidade próxima a esta. O Povoado Monte Cristo, que recebeu este
nome, porque após o termino de uma batalha os moradores do Buragi encontraram
um Crucifixo de Cristo, em um monte ficando analogamente “Monte Cristo”. O
mesmo professor dá noticias de um morador da comunidade conhecido como João do
Mato, que morreu com mais de cem anos e o interessante é que o adjetivo “Mato”
ter-se-ia agregado ao nome João, pelo fato do mesmo ter nascido dentro do mato,
ou seja, nasceu de parto natural de maneira quase que selvagem, durante a
Revolução da Balaiada.
Veja esta matéria que comprova o
fato supracitado – GRAFIA DA ÉPOCA.
[...] Outro officio tambem bem celebre é o que Snr. Major Henriques participa
que mandou numa partida de soldados bater os lugares de Buragi, Piranga, Gaiolinha, etc. O resultado desta expedição (diz
ele ao Snr. Presidente da Provincia, com a maior sem cerimonia do mundo) foi um
rebelde morto, 4 prisioneiros, a aprehenção de 6 espingardas finas etc [...]- Jornal Legalista, em 9 de julho de 1840 - Página
3.
A comunidade nos seus primórdios
era divida entre a área dos brancos e a dos negros, sendo o Tijuco onde
residiam os brancos e a zona das Senzalas, onde supostamente existia um
sumidouro (poço), que servia para castigar os escravos desobedientes. A sede do Quilombo, posteriormente passou a
ser de propriedade de Apolônio dos Santos Mendes descente de escravos. Até os
dias atuais ainda existe na localidade a Fonte da Mata remanescente ao período
escravocrata.
Outra notícia publicada em jornais
do século XIX revela um pouco da história da comunidade – GRAFIA DA ÉPOCA.
[...]
Eduardo Olimpio Machado – Sr. doutor chefe de Policia – tenho presente o seu
officio de 12 do corrente. Pelo qual fico na intelligencia de ter sido morto no
lugar Buragi do termo do
Itapucurú-mirim, Raymundo Mendes, de idade de 14 annos, por um tiro disparado
casualmente por seu irmão João Faustino Mendes em uma caçada [...].
Jornal Publicador Maranhense, em 20
de março de 1855 –
Página 2.
O lugar encontra-se em declínio
populacional, pois muitos moradores migraram para a sede do município, as quase
30 casas abrigam aproximadamente 120 pessoas. Não possui colégio, igreja ou
posto médico. Do século XX pode-se ser citado mais uma matéria veiculada em
jornais do Estado sobre o povoado em tela – GRAFIA DA ÉPOCA.
[...]
Por ter telegrama particular soubemos haver falecido. domingo ultimo na cidade
de Codó o sr. Chafi Buzar, comerciante naquela localidade. O extinto era
sírio-libanez vindo para o Brasil em 1914 e contraído matrimonio com a exma.
Sra. d. Raimunda Saad Buzar de cujo consorcio teve os seguintes filhos: José de
Ribamar Buzar, comerciante em Itapecurú-Mirim e casado com a sra. Mirtes Serra
Buzar, Jamil Buzar, comerciante em Buragi,
no município de Itapecurú-Mirim [...].
Jornal o Combate, em 26 de abril de
1951 – Página
3.
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