quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

TAMBOR DE SÃO BENEDITO EM AREIAS



Por: Tiago de Oliveira
Uma das maiores diversões do povo de Areias até os anos 90 do século XX eram as “Festas” em homenagem a São Benedito da Casa de Forno. Os moradores quando desejavam obter alguma graça, tais como: cura de alguma enfermidade, conquista de emprego ou até mesmo por devoção, se preparavam por mais de um ano com a cria de porcos e gados, para serem abatidos e oferecidos no dia do Tambor.
Para as crianças e jovens daquela época o momento mais esperado era a Romaria até a Casa de Forno de São Benedito na beira do campo de Santa Rita. Na noite de véspera brincávamos por todo o terreiro enquanto a comida e as ladainhas eram preparadas para sairmos em procissão. Tínhamos duas escolhas ficar acordado até às 2h da madrugada hora comum da partida ou ir dormir e contar que os pais nos acordassem ou o barulho dos foguetes.  
Chegada a hora da partida todo o povo se reunia, a meninada que os pais autorizavam ir era só alegria, os adolescentes ficavam ansiosos para ter uma chance de paquerar um pouco no caminho até a Capela do Santo; foguetes ao alto é hora de partir adultos a frente, crianças no meio adolescentes mais atrás. O primeiro povoado a ser alcançado era a Granja, em seguida Caremas, quando passávamos do Alto de Fátima encontrávamos a sede do Município. Antes do povoado Cai-coco encontrávamos um imenso mangueiral a hora certa para os namorados se esconderem e aproveitarem um pouco para namorar escondido. Em seguida, o povoado Olho D’água que anunciava a proximidade com o Santo; nos primeiros raios de sol avistávamos debaixo de belas mangueiras a Capela de São Benedito da Casa de Forno. Após, as ladainhas pegávamos a imagem e o caminho de volta iniciava, agora para os que iam pela fé as forças estavam renovadas, para as crianças e adolescentes a euforia dava lugar ao cansaço. Por volta das 10h ou 11h da manhã estávamos de volta a Areias.
Durante o dia era servido o almoço para todos os participantes, à noite o jantar seguido dos atos religiosos em homenagem ao Santo. Tambores aquecidos o povo se reunia para ouvir os repentes e as disputas nos versos marcados pelos tambores; a comunidade em festa contemplava a festa no terreiro, ou de casa ouvindo as cantorias e as batidas inconfundíveis dos brincantes. Deste período os tambores que ficaram em minha mente foram os de Ingete, Rufino e Maria de Abdal.


Um comentário:

  1. Nossas raízes ancestrais. Parabéns professor Tiago por nos brindar com esta memória histórica.

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